sábado, 3 de novembro de 2007

CARREGANDO A PRÓPRIA CRUZ

Mateus 16.21-27

A expressão “carregar a própria cruz” tomou um outro sentido na vida das pessoas. Segundo a interpretação popular é “suportar um problema”, ou várias dificuldades que se manifestam durante a existência humana. Esta interpretação não condiz com o ensino do Evangelho, por mais que se saiba sobre o que Jesus Cristo realizou em prol da humanidade, assumindo todas as conseqüências do pecado, nos substituindo no madeiro.
Se não é assim correta a interpretação popular, qual é o significado de “carregar a cruz”? É importante observar o seguinte: Jesus começou a mostrar que ele seguiria para Jerusalém, lugar onde seria morto pelas autoridades religiosas, que o contemplavam como um intruso que veio arruinar com a sorte dos que exercem o poder religioso, unido ao poder do Estado. Também mostrou que ressuscitaria dentre os mortos, sendo esta a sentença contra toda a sorte de infortúnios e a excelsa vitória sobre o mal em todas as suas facetas, exibidas no seio da sociedade, mediante as mais grotescas obras geradoras de desequilíbrio humano. Mas Pedro, um dos apóstolos, começou a reprovar o Mestre, dizendo que Jesus Cristo teria de exercer compaixão por si mesmo e a impedir que o Senhor fosse ao Calvário, cumprir a vontade do Pai. É nesse ponto que Jesus repreende o apóstolo, dizendo que este estava sendo uma “pedra de tropeço”, tentado impedir a missão do Senhor, de morrer e ressuscitar.
“Carregar a cruz” não é outra coisa, senão assumir um compromisso até o fim. Jesus disse que “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me...” Seguir a Jesus implica em renúncia, porque a pessoa passa a fazer parte de uma grande missão, que é a missão de realizar a obra de Deus no mundo. A obra de Deus é restaurar a humanidade e o próprio cosmos. Deus salva o homem e o mundo. Jesus Cristo é o mediador da criação e da redenção do homem e do mundo. A salvação está inscrita na criação. Não há dissociação, fundamentada em dualismo grego.
Não devemos exercitar o pensamento da forma como muitos fazem. Temos de absorver o ensino genuinamente bíblico, que não nos distancia do propósito divino, de nos inscrever na história como cúmplices de uma obra que ajusta o homem e o seu habitat. Foi por isso que Jesus Cristo deu a sua própria vida, sem titubear num momento sequer. Assim, convida pessoas para fazerem parte do seu plano de ação, com a finalidade de reconstruir o homem e o mundo, de maneira eficaz. Isto significa “carregar a cruz”. Aqueles que receberam o convite de Jesus e os que estão recebendo agora devem “carregar a sua cruz”.
Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha

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