sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

JESUS, O BOM PASTOR

 “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (João 10.11).

Quando miramos o nosso olhar no Evangelho e também na história, percebemos a tão importante obra de Jesus Cristo como aquele que se constituiu o “Bom Pastor”. A sua obra não foi uma qualquer dentre as muitas já realizadas em todos os segmentos, quer políticos, quer sociais. Pois, existe a dimensão que marcou profundamente muitas vidas tiradas do mais execrável abismo da separação entre Deus e o homem, morto em seus delitos e pecados: a vida pela obra do Ressuscitado, bem como a força da ressurreição, como libertação da morte para a verdadeira existência.

Jesus é o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas. Ele é aquele que exerce o seu cuidado, não permitindo que forças contrárias à vida venham destruir o que mais valioso existe: o fôlego dado pelo próprio Criador. Assim, Jesus sendo o Bom Pastor, pode ser reconhecido de tal forma, que é real e autêntica a sua obra em favor do ser humano.

O mercenário, que não é pastor, não tem a responsabilidade de cuidar com carinho das ovelhas, porque não são suas. Esse mercenário é aquele que quer destruir a vida. Logo, não ama a vida. Mas, a função do verdadeiro Pastor é cuidar das ovelhas, custe o que custar; é obra importante, porque a ovelha pode se sentir segura e protegida.

A obra de Jesus Cristo como o Bom Pastor é vista sob três ângulos:

Primeiro - Como Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas. Combate o bom combate para que a vida tenha sentido e não seja arrancada da sua atividade. Assim, é o amor em sua forma incondicional, da parte do Senhor. A vida de Jesus foi de entrega voluntária, a fim de que todos tivessem a vida em abundância.

Segundo - Como Bom Pastor cuida e aperfeiçoa as ovelhas. Esse aperfeiçoamento tem a finalidade de identificar a verdadeira liberdade e o conhecimento dos valores do Reino de Deus, que são a base da pregação de Jesus. O desenvolvimento da fé como dom da graça divina é a chave do mistério da vida, que visa o amor, que é o vínculo da perfeição. Assim, todos devem exercitar esse dom.

Terceiro - Como Bom Pastor não dispersa as ovelhas. Diferentemente dos falsos governantes e líderes políticos e religiosos inescrupulosos o Senhor Jesus conserva no seu aprisco as ovelhas que amou e salvou. Nenhuma delas se perderá, mas as ajudará nas mais difíceis adversidades. As conduzirá sempre ao recôndito do Pai pela força do seu Santo Espírito.

As ovelhas do Bom Pastor estão seguras, porque Ele está sempre ao lado delas, velando e cuidando para que todas se alimentem de pastos verdejantes e sejam guiadas por caminhos seguros. Você já é uma ovelha do Bom Pastor?

Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha

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Imagem: Пастырь добрый (мозаичное изображение на фасаде храм ...
Acesso: Brazil, Rio de Janeiro, 25/02/2022.



terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

 O SIGNIFICADO DA GUERRA E O EMPENHO PELA VERDADEIRA PAZ

“E, certamente, ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; vede, não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e terremotos em vários lugares; porém tudo isto é o princípio das dores” (Mateus 24:6-8).
Fiquei refletindo nas palavras de um certo colega de trabalho dirigidas a mim: “Vou entrar com os dois pés sobre você! ”. “E, certamente, ouvireis falar de guerras e rumores de guerras ...”. Estas são as palavras de Jesus, segundo o evangelho de Mateus, a respeito de uma temática escatológica que tem muito a ver com aqueles a quem interessam as guerras. Guerras interessam a chefes de Estado, a grupos e a pessoas providas de falsa segurança. Guerras, certamente, aconteceram, estão acontecendo e acontecerão, mas não têm nada a ver com o fim de todas as coisas, nem com o fim do mundo. Guerras acontecem não por força do destino, mas por consequências causadas por motivações políticas e interesseiras. Guerras fazem parte de reinos que nada têm em relação ao Reino de Jesus. Qual o significado ou o espelho das guerras?
Em sua obra “A Arte da Guerra” Sun Tzu (cerca de 320 a 400 a.C.), abordou o surgimento da guerra verdadeira na China. A teoria da guerra nasceu praticamente com a guerra verdadeira. A arte da guerra é de vital importância para o Estado. É a província da vida ou da morte; o caminho à segurança ou à ruína. Desta maneira é um objeto que não pode deixar de ser investigado. No sistema de Sun Tzu, o recurso às armas devia fazer parte de um programa mais amplo pelo qual o inimigo seria politicamente atingido, antes de ser militarmente abatido.
Segundo o sociólogo Demétrio Magnoli (Cf. A História das Guerras, Org. São Paulo: Editora Contexto, 2006), a guerra apresenta algumas características impactantes. Primeira - A guerra é um fenômeno total. Tem repercussões duradouras sobre a organização política, econômica e social dos povos e das nações. Segunda – A história das guerras é uma história de alteridades. Cada guerra é um fenômeno único, singular e irredutível. As guerras dialogam com as outras, acontecidas mesmo em passados distantes. Uma guerra serve de inspiração para outra, e assim por diante. Terceira – A história das guerras é uma história de técnicas. Os hábeis flecheiros de Gêngis Khan são contemporâneos dos exímios arqueiros turcos, por exemplo. Quarta e última – A história das guerras é a história do gênio humano aplicado à destruição.
O que está acontecendo hoje, no momento em que a tecnologia sobressai intensamente? A Rússia quer continuar sendo mandatária do gás na Europa. Os Estados Unidos querem manter o Dólar em alta e vender suas potentes armas e a Ucrânia com sua baixa economia quer se firmar internamente com sua tentativa de se defender a qualquer preço. As notícias estão sobrando nos meios de comunicações acerca deste assunto.
Os seguidores de Jesus Cristo se empenham pela promoção da Paz. “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5.9). Os discípulos de Jesus não são pela guerra ou em favor da destruição. As palavras do salmista devem ser as dos discípulos de Jesus: “Já há tempo de mais que habito com os que odeiam a paz. Sou pela paz; quando, porém, eu falo, eles teimam pela guerra” (Salmo 120.6-7).
Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha


Imagem: Superinteressante
Qual foi a guerra mais longa da história?
Acesso: Brazil, Rio de Janeiro, 22/02/2022

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

A RESPONSABILIDADE DA IGREJA DE CRISTO

“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15).

A Igreja de Cristo recebeu a missão de pregar e viver o evangelho a toda criatura. Essa é a responsabilidade que tem o seu apriori fundamentado na própria palavra de Jesus, que sendo mesmo um imperativo, não quer dizer talvez uma possibilidade da Igreja, mas o próprio serviço eclesial que é uma situação aposteriori, e isto faz parte da ação da Igreja no mundo.

Os pontos que seguem, servem para nortear esta palavra e para despertar a consciência da comunidade de fé, através de seus muitos segmentos e carismas a sair do seu lugar e cumprir a sua existência como a missão de Deus no mundo.

A responsabilidade na salvação de vidas. A Igreja tem de sair em busca das pessoas; ir ao encontro delas, em suas diversas necessidades. Não deve a Igreja esperar que as pessoas tenham de dar o primeiro passo. Sair das quatro paredes é somente pela ação do Espírito Santo. Há uma palavra veemente no Antigo Testamento de aviso do próprio Deus em relação ao descumprimento de sua ordem: “Se eu disser ao perverso: Ó perverso, certamente, morrerás; e tu não falares, para avisar o perverso do seu caminho, morrerá esse perverso na sua iniquidade, mas o seu sangue eu o demandarei de ti” (Ezequiel 33.8). 

A responsabilidade de ir ao encontro de vidas. Há muitas pessoas que não mais estão no seio da Igreja. Muitas se decepcionaram com algum fato negativo; outras esquecidas pela comunidade. Há pessoas que estão machucadas por dentro; estão doentes por causa de algum mal provocado por alguém ou porque procuraram o seu próprio mal. Mas é preciso ir ao encontro dessas pessoas e recuperá-las. Mesmo diante das catástrofes naturais. É preciso observar o que está na parábola contada por Jesus, conforme Lucas 15.3-7.

A responsabilidade na cura de vidas. A Igreja é uma comunidade terapêutica. Ela trata das pessoas com suas diversas enfermidades. Igreja não é para tornar as pessoas doentes, mas para curá-las de suas doenças e enfermidades. A cura vem pela palavra, pela afetividade, pelo relacionamento profundamente fraterno. Enquanto o ódio mata o amor cura, e a Igreja tem essa responsabilidade, basta verificar Lucas 10.25-37.

A responsabilidade na manutenção de vidas. É muito fácil desestruturar vidas; fragmentar o todo. Mas, tudo deve ser feito para a conservação das vidas que estão dentro do aprisco do Senhor. Isto faz parte da natureza da Igreja, porque é da vontade de Deus que sejamos concordes em manter vidas que fazem parte do nosso convívio fraterno. O Salmo 133 apresenta o ensino sobre o que devemos realizar em nossas relações humanas.

Portanto, essa responsabilidade quádrupla é de todos os que compõem a Igreja.

Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha

sábado, 19 de fevereiro de 2022

 ESQUECENDO DAS COISAS QUE PARA TRÁS FICAM

“Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3.12-14).

Infelizmente há pessoas que não vivem felizes por praticarem atos que rememoram um passado triste, pela experiência sem Deus, uma vez que foram alcançadas pela graça divina. Parece que não entenderam a ação salvífica de Jesus Cristo e se entregam àquilo que faz sofrer, pois agindo assim, desprezam a ação santificadora do Espírito Santo. É certo que, quem já foi de fato e de verdade alcançado pela graça libertadora de Deus, não pode viver concentrando forças no que já é considerado passado; em esforços negativos, que fazem denegrir a própria imagem humana e desconsiderar a obra que Deus realizou em Seu Filho Jesus Cristo.

 O apóstolo Paulo, autor da Epístola aos Filipenses, não se considerava perfeito, assim como todo cristão, nem alcançaria a perfeição em vida na terra, mas uma coisa para ele era fundamental e importante: avançar em direção à perfeição. Não deveria desistir de lutar e de experimentar dia a dia a vida com Deus. O seu objetivo era avançar para o alvo, inserido na soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Soberana vocação significa o grande amor divino em chamar o homem para uma vida melhor. Logo, em Cristo, que é o único meio para se chegar a Deus, seria o apóstolo aperfeiçoado. Tudo o que não condizia com essa vocação, não ocuparia o coração do apóstolo, que amava a Deus acima de todas as coisas, bem como ao próximo como a ele mesmo. Este é o mandamento do Senhor.

Quantas pessoas vivem pautadas na autossuficiência! Quantas pessoas que são complexadas interior e exteriormente! Quantas pessoas que andam iguais a caranguejos: para trás! Quantas pessoas que pisam nas outras! Quantas pessoas que guardam ódio no coração e julgam as outras com uma facilidade tremenda! Quantas pessoas que não respeitam as outras e ainda se dizem santas! Isto é não prosseguir para o alvo.

Assim como ensinou o apóstolo, tendo como base o ensino supremo do Mestre, pensemos no amor sacrificial de Jesus Cristo, que se entregou por nós na rude cruz, com a finalidade de dar-nos a verdadeira vida. Avancemos para o alvo, pois o tempo não é de estacionar na condição passada, mas de caminharmos, olhando para frente. Prossigamos para esse alvo, sem medo de ser feliz. Abandonemos tudo aquilo que não condiz com a vontade de Deus. Esqueçamos as coisas pertencentes a um passado sem a verdadeira vida espiritual. Cresçamos nos valores do Reino de Deus, que constituem a sua base: Justiça, Paz e Amor.

Vamos crescer, porque o tempo exige esse crescimento, considerando os valores de uma vida que não carrega as péssimas qualidades de uma existência negativa. É tempo de esquecer as coisas que para trás ficam.

Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

 DEUS É PRESENTE TAMBÉM NO SOFRIMENTO

 “Então, desceu e mergulhou no Jordão sete vezes, consoante a palavra do homem de Deus; e a sua carne se tornou como a carne de uma criança, e ficou limpo” (2 Reis 5.14).

 “Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz” (Lucas 17.15).

 “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Salmo 46.1).

Deus é presente. Esta é a certeza que faz parte da pessoa que exercita a fé. Não qualquer fé, mas a fé que o próprio Deus coloca no mais profundo ser humano. Portanto, aprendemos na Bíblia que a fé é dom divino. Assim, a presença de Deus é percebida, e não pode haver dúvidas, pois a sua ação soberana é a marca do seu amor para com as pessoas, solidarizando-se com elas nos mais adversos caminhos.

Deus operou a cura no comandante do exército do rei da Síria, fazendo-o ficar livre de sua lepra. Naamã era um homem importante, porém leproso. Não podia curar a si mesmo. Não era um homem praticante da religião judaica que somente crê em um único Deus, criador do Céu e da Terra. Há muitas pessoas que afirmam não precisarem de Deus, pois acham que o que possuem pode trazer o melhor para a vida. Estão profundamente enganadas! Todos precisam de Deus! Foi o caso desse homem leproso, segundo relato veterotestamentário.

Dez homens leprosos foram curados por Jesus, segundo o relato de Lucas 17.11-19, mas um, voltou para agradecer. Que estranho! Todos precisam de Deus, e o Senhor na sua misericórdia, que é a causa de não sermos consumidos, atende o clamor: “Jesus, Mestre, compadece-te de nós! ” O Senhor não se esquece do grito dos oprimidos, dos que sofrem algum dano. Deus é amor! Mas, por que a falta de gratidão Àquele que só realiza o bem? Que vida paradoxal, essa transtornada pelo pecado que é ausência de Deus!

Os paradoxos fazem parte da humanidade, mas em Deus somente há aquilo que pode trazer alegria maior que a dor: a própria presença do Senhor no sofrimento. “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Salmo 46.1). Não se pode esquecer que as tribulações podem acontecer em poucos segundos ou durante algum longo tempo. Porém, Deus não age como nós agimos muitas vezes, de forma dúbia e desprovida de sentido, mas de forma bem presente o Senhor age na hora da dor, proporcionando o alento através do seu jugo que é suave e leve.

Não haveremos de temer, pois devemos clamar ao Senhor, como fez Pedro: “Salva-me, Senhor! ” (Mateus 14.30). O Senhor, prontamente estendeu a sua mão e o salvou. Também, quanto às personagens dos textos bíblicos citados, buscaram ajuda, e o Senhor os curou de seus males, embora no segundo relato, um só tenha agradecido. Mesmo assim, Deus está presente na hora do sofrimento, pois todos nós, em algum momento da vida, passamos por dificuldades, todavia, podemos contar com a bênção do Deus que é presente.

Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

 CRISTO, PONTO DE ENCONTRO ENTRE DEUS E O HOMEM

“E, vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra. ” (Mateus 2.10,11)

O ensino da Igreja é cristocêntrico. Esse fundamento da fé tem sua origem na Sagrada Escritura, principal e objetivamente nos evangelhos, pois esses testificam essa centralidade. Sendo assim, evidencia-se também que, não existem outros intermediários que se constituam a base da redenção do homem. Cristo é o ponto central da nova realidade salvífica, que torna a vida mais convergente aos pontos basilares do Reino de Deus.

A construção literária dos evangelhos é bem elaborada. E, do texto e do contexto de Mateus 2.1-12, apresenta uma mensagem que não pode haver confusão sobre o ensino já destacado. A estrela que brilha é a que produz intenso júbilo. É a plenitude da nova   situação que se autenticou na história da humanidade. Não é sem razão que no Antigo Testamento se diz que brilhou uma grande luz para tornar claro o caminho e a existência de um povo que andava na escuridade (Isaias 9.1-2). Esta visão foi construída pela igreja cristã, iluminada pela divina luz do Espírito Santo, no sentido de estabelecer uma ponte entre o Antigo Testamento (Primeira Aliança) e o Novo Testamento (Segunda Aliança). Deste modo, percebe-se que a Bíblia trata do Messias, o fundamento da nova vida e o ponto de encontro entre o homem morto em seus delitos e pecados e o Deus autor da salvação, que vivifica os mortais na força e no poder do Espírito Santo.

Com Cristo o homem é o que tem de ser: humano. Assim como Cristo foi também: plenamente humano. Aproximarmo-nos dele é ter a única oportunidade de mudar, de ser o que Deus quer que sejamos. Deus quer que sejamos seus adoradores e instrumentos de vida e não de morte, no exemplo daqueles que naquele dia glorioso, “O adoraram”. E, ainda, levaram seus presentes, suas ofertas de gratidão, porque diante do Salvador pode-se reconhecer que tudo a ele pertence.

Ainda vivemos e sempre viveremos os efeitos da encarnação do Senhor, pois ele fez a diferença: dividiu a história em duas partes, antes e depois dele. Este é o milagre da nova criação, que brota da plenitude da vida do infante de Nazaré, ainda que desprezado por alguns, porém crido e reconhecido pelos que têm fé. Todos sabem que Jesus nasceu. Mas, não é apenas para ficar numa lembrança provida de mecanismos econômicos que marcam o lucro numa determinada época do ano, mas para sempre no ponto máximo que faz convergir para a vida verdadeira, na centralidade do encontro com o Senhor da vida e da história.

Hoje mesmo qualquer pessoa pode encontrar-se com Jesus Cristo, pela fé e ser feliz.

Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

 CONTEMPLANDO A DEUS E A REALIDADE

“Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir” (Atos 1.11).

Santo Agostinho em seu clássico tratado sobre a Trindade, Livro II, 17.28, reflete o verdadeiro significado e implicações de “contemplação”. Assim consta: “Esta é, pois a beleza por cuja contemplação suspira todo aquele que se empenha em amar a Deus com todo o coração, como toda a alma, com todo o entendimento. E para chegar a essa contemplação, procura também edificar seu próximo e amá-lo a si mesmo, pois, desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas (Mateus 22.37-40) ”. Destarte, surge um tema de profunda importância que é a Beleza da Contemplação. Desse estado, decorre dois fatores preponderantes: O empenho em amar a Deus e a edificação do próximo.

 A contemplação foge do sentido de inércia, antes é traduzida por serviço ativo a Deus e ao mundo, incluindo-se as pessoas e os elementos naturais. Não é o que se vê demonstrado em Atos 1.11. Os “varões galileus” ficam olhando para as alturas a ponto de sofrerem um acidente físico e ficarem prostrados. Mas, antes que tal sofrimento acontecesse, surge a provocação que consta no relato: “Por que estais olhando para as alturas? ” Olhar somente para as aturas significa o contrário de uma vida de amor a Deus. E, vida de amor a Deus é vida de serviço. Ai implica a realidade como campo de ação. O mundo que está à nossa volta é o espaço que o cristão tem para servir a Deus no serviço ao próximo.

No relato do Evangelho de Marcos 16.14-20, consta a ordem de Jesus aos discípulos, de pregar a Boa Nova de salvação a todas as pessoas e administrar o sacramento do Batismo como símbolo de uma nova vida. Isto significa continuar aquilo que Jesus deu início, enquanto esteve como homem entre os homens e as mulheres deste mundo. A Igreja não podia ficar somente olhando para cima. É certo que o Senhor prometeu retornar, mas a Igreja tinha e tem de cumprir a sua missão. Ela é sacramento de Deus na terra. Ela mostrar pela Palavra e pelos sacramentos ordenados por Cristo a vontade de Deus. Todos precisam conhecer o amor de Deus. Nenhuma pessoa da face da terra deve partir deste mundo sem ter conhecido o amor de Deus revelado em Jesus Cristo. Não somente em relação ao ser humano, mas também em relação à natureza que geme. Assim, cuidar da terra é missão daquele que ama a Deus, pois existem muitos interesses estritamente especulativos de se explorar aquilo que Deus nos deu como dom, pelo desejo corrompido.

Contemplar a Deus não é permanecer estático, mas em peregrinação, servindo de maneira eficaz à Divindade no serviço à realidade que está ao nosso redor. Isto é o que Jesus ordenou. É preciso fitar os olhos naquilo que devemos expressar o amor de Deus, pois a vida cristã é vida de altruísmo, pois, ao participarmos da Santa Ceia do Senhor, percebemos no gesto sacramental e nos símbolos sacramentais aquilo que implica na vida cristã uma dinâmica de serviço ativo em prol de um mundo melhor. Esta é a maneira pela qual a Palavra nos convoca para estarmos em ação, e as palavras de Efésios nos mostram a missão da Igreja: “E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à Igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daqueles que a tudo enche em todas as coisas. ”

Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha

sábado, 12 de fevereiro de 2022

 COM OS OLHOS FOCADOS EM DEUS

“Como os olhos dos servos estão fitos nas mãos dos seus senhores, e os olhos da serva, na mão de sua senhora, assim os nossos olhos estão fitos no Senhor, nosso Deus, até que se compadeça de nós” (Salmo 123.2).

As palavras acima contêm em si a maior motivação de vida, uma vez que as relações entre os seres humanos são quase todas frustradas, em face da soberba que muitas vezes se impõe. Que diferença há entre um e outro ser humano? Há uma pequena diferença em termos físicos e intelectuais, e isto é perceptível. Todavia, há quem não se resigne e invente mil razões ou formas de pretextos para prevalecer diferenças exorbitantes, que produzem os descasos em relação ao próximo. Por exemplo, encontramos no Evangelho de Marcos Jesus sendo olhado com indiferença pelos de seu próprio local de nascimento: “Não é esse o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não vivem aqui entre nós  e suas irmãs? E escandalizavam-se nele” (Marcos 6.3). Por causa da rejeição deles, Jesus não pôde fazer naquele lugar nenhum milagre (Marcos 6.5).

A motivação vital tem seu perfil dimensionado no olhar fito em quem se pode confiar e receber tudo o que é bom para um viver com qualidade. Os gestos dos olhos têm a ver com o mistério da vida espiritual, que pede o auxílio de quem não pode falhar: Deus, o Senhor em quem está o nosso socorro (Salmo 124.8). É a persistência confiante de que o seu socorro vem na hora mais precisa, que suplanta a todo o descontrole nos momentos de intensa tribulação, quando a alma acha-se saturada de escárnio dos que estão à volta, e também quando a vontade e o desprezo dos soberbos se interpõem.

Os “olhos fitos nas mãos” significam o exercício da fé como dom dado por Deus para acolher a todas as misericórdias divinas, pois elas não têm fim. Deus não retarda a sua bênção, uma vez que na sua soberania já reservou tudo aquilo que a alma sedenta tem necessidade, mas, sobretudo é fundamental não desviar o olhar, ainda que tênue, do Senhor.

Não é este o tempo de ter os nossos olhos focados nas mãos de quem nos criou, e saber que podemos encontrar o sentido último da nossa vida? Então, se alguém hoje ainda não percebeu que basta esse olhar para as mãos estendidas de Deus, é somente parar e ver que há esperança. “Olhos fitos” é símbolo que nos remete à esperança maior: a vida redimida por Aquele que é o criador da própria vida, e que deseja que todos vivam por meio de Seu Filho amado, que se entregou por nós na cruz. E também nos enviou o Seu Espírito para nos animar. Então, o que você está esperando? Vá ao encontro de Deus agora!

Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

 "JESUS PRESENTE E PRÓXIMO NO CAMINHO"

“Aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e ia com eles” (Lucas 24.15).

Há momentos em nossas vidas que nos sentimos atemorizados diante dos acontecimentos locais e mundiais. Às vezes surgem dúvidas em nossos corações, e começamos a caminhar sem sentido na vida. Mas, é necessário mudar a direção da caminhada, não remoendo os acontecimentos, e sim dando lugar ao que produz alegria e segurança.

O Evangelho segundo Lucas nos relata que, logo após a ressurreição de Jesus, dois discípulos que ouviram acerca da ressurreição do Senhor estavam remoendo as coisas acontecidas, quando se dirigiam para Emaús, sem perceberem a presença do Senhor ressurreto. Os seus olhos estavam impedidos de reconhecer a presença do Mestre. Eles tinham dúvidas em seus corações. Para eles, as coisas não estavam claras. Estavam sem esperança. Estavam tristes. Mesmo ouvindo o testemunho das mulheres sobre a ressurreição do Mestre, faltava-lhes o exercício da fé. O que disseram os profetas cumpriu-se literalmente. O Senhor Jesus estava com eles, e não o perceberam, até que o próprio Senhor lhes abriu o entendimento, a fim de que pudessem compreender a sua presença em glória. A presença de Jesus transforma o ambiente. A presença de Jesus é somente percebida pela fé.

A presença vibrante de Jesus dissipa as dúvidas e as preocupações. Todos os seres humanos estão sujeitos a estas condições. Até mesmo os que são crentes. Mas, é preciso acontecer a libertação daquilo que causa dúvida e preocupação. É necessário crer nas promessas de Deus (v. 25-27).

A presença vibrante de Jesus dá um novo sentido à vida. Os olhos da fé são abertos para que haja a percepção da esperança (v. 31). Sendo assim, o viver concretiza-se pela expressão de liberdade no Senhor (v. 29, 30), que caminha sempre ao lado. “...voltaram para Jerusalém. ” O sentido da direção mudara (v.33). Os discípulos estavam indo para Emaús, distanciando-se da Comunidade de Jerusalém. Mas, voltaram para o lugar do exercício da fé no Ressuscitado.

A presença vibrante de Jesus promove a paz e produz adoração. A presença de Jesus glorificado enfocou e marcou o início da adoração cristã. A própria vida de Jesus se constituiu num verdadeiro ato litúrgico. A sua presença promove a Paz (v. 36). A sua presença produz adoração e louvor (v. 50-53). Os discípulos estavam sempre no templo, louvando a Deus (v.53). Assim, quem tem essa experiência com o Ressuscitado, quem é de Jesus, não se deixa levar pelos sentimentos negativos, que somente fazem a vida ficar um caos.

Caminhemos hoje e sempre sob o impacto da ressurreição de Jesus.

Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha