segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

OS LOUCOS DE DEUS

OS LOUCOS DE DEUS


Texto Bíblico: 1 Coríntios 1.18-29

O que um louco? É que perdeu a razão. É doido, alienado.
Várias pessoas na Bíblia foram chamadas de loucas. Por exemplo: - “Os que desprezam a sabedoria” (Provérbios. 1.7); - “Os que zombam do pecado” (Provérbios. 14.9); - A criada por nome de Rode no Novo Testamento (Atos 12.15); - Os crentes são considerados loucos (1 Coríntios 4.10).
O relato do Novo Testamento diz que “Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios” (1 Coríntios. 1.27).
O texto bíblico fala sobre “Os loucos de Deus e a loucura de Deus”.
O mundo sempre vê as coisas de Deus como loucura. A mensagem e a pregação do Evangelho eram absurdas para o mundo do tempo do apóstolo Paulo (século 1), e ainda continua sendo.
Há muitas pessoas que acham que seus próprios métodos são os mais corretos. Mas, Deus repudia toda sabedoria humana que tenta se projetar como altaneiras.
Os sistemas idolátricos do mundo são nada diante da sabedoria de Deus. Os judeus eram muito dados aos fatos concretos. Mostravam pouco interesse pelo pensamento especulativo dos gregos. Os judeus gostavam de provas. Para eles o sacrifício de Cristo era um escândalo. Escândalo porque o Messias não poderia ter vindo da periferia de Israel, nem morrer em uma cruz. Escândalo!
Os gregos eram embebidos pela filosofia especulativa. Eram orgulhosos pela agudeza intelectual, e não achavam lugar para o Evangelho. Achavam a crucificação uma loucura. Para os gregos a cruz parece nada mais que uma consumada loucura. Se em Platão o Deus Uno e impessoal não poderia se contaminar com a "gentalha" humana; ou, em Aristóteles tudo o que existe é divino no mundo e o próprio mundo. Logo, é uma loucura a pregação e a vida segundo a Boa Nova do Evangelho. É um absurdo!
Entretanto, a mensagem “louca” do Evangelho provou que é o poder de Deus. Os crentes, por causa disso, sempre foram vistos como pessoas loucas.
Em 1 Coríntios. 4.11-13 está escrito que “Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos... Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação... Temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos”. Isto para o mundo é uma loucura!
Foi assim que no passado tanto judeus quanto gregos viram os crentes, como loucos. Loucos de Deus. Hoje, também, quem vive assim é considerado louco.
É preciso considerar quem são os "Loucos de Deus":
1. OS LOUCOS DE DEUS SÃO OS QUE EXERCEM A FÉ NO PODER DO DEUS REVELADO EM CRISTO
A fé que contrasta com a sabedoria materialista do mundo – v. 19-21, porque o crente já contempla o que já é sem ver fisicamente (Hebreus 11.1).
A fé que estabelece o equilíbrio espiritual, familiar, social, econômico ... – v. 25
A fé que tem uma ação eficaz pela certeza da operação de Deus – v.18.
2. OS LOUCOS DE DEUS SÃO OS QUE FORAM RESGATADOS DO TERRÍVEL PECADO
A salvação pelos conceitos filosóficos dos gregos – O gnosticismo, o estoicismo, o epicurismo, etc. Ou, pelo cumprimento da lei pelos judeus. Diante de Deus eram loucuras essas sabedorias.
Para o mundo o pecado é bom, mas para os crentes é algo que escraviza.
O pecado é traduzido por tudo o que contrasta com o ensino do Evangelho. O pecado é desobediência, é errar o alvo. É a vida posta em injustiça, exploração, altivez, orgulho, violência, egoísmo, desprezo... As consequências vão surgir ainda neste mundo, pois quem planta colhe.
O resgate do pecado é tão somente pelo poder da graça irresistível de Deus.
3. OS LOUCOS DE DEUS SÃO OS QUE PROCLAMAM A LIBERTAÇÃO PELA SABEDORIA DE DEUS
Somente um Deus sábio pôde e pode mostrar que o pecado escraviza, e pode dar a libertação integral.
A sociedade é oprimida e deprimida. Logo, precisa de libertação.
O Evangelho é poderoso para dissipar o pecado dos corações – Romanos 1.16.
Deus, que é sábio, pôde estruturar um plano sábio de libertação integral do ser humano.
A libertação só é verdadeira em Cristo Jesus, o Filho do Deus vivo – Jo 8.32.
Eis aí uma pequena reflexão sobre os Loucos de Deus, os loucos de um Deus que proporciona essa loucura, segundo a visão do mundo sem a visão espiritual.

Nelson Célio de Mesquita Rocha, incluído também como louco.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

HABITAÇÃO SEGURA EM DEUS

 


HABITAÇÃO SEGURA EM DEUS

Texto Bíblico: Salmo 04

Em muitos lugares não há segurança, por mais bem construídos que sejam. Muitas ideias também são desprovidas de premissas verdadeiras, que levam vidas para o caos, para a destruição. Há muitas pessoas que tombaram na caminhada por falta de equilíbrio e de segurança.

O Salmo 04 nos convida à reflexão sobre aquele que pode dá segurança. É Deus o único que atende as orações, porque está escrito que “Deus é misericordioso”, logo, na angústia traz o verdadeiro alívio ao coração fatigado, transtornado por situações adversas (v.1).

O que, de uma forma geral, as pessoas mais amam? Muitas pessoas amam e depositam sua confiança em quem há vaidade e mentira – Os ídolos mudos – que se constituem abominação, daí, desmoronam na vida (v.2).
O salmo fala do amor de Deus por aqueles que são distinguidos pelo próprio Senhor. Que foram eleitos por ele para gozar de uma piedade proporcionada por uma realidade da natureza divina, que se mantém una e indivisível, onde se sinaliza a plena sedimentação da vida (v.3).

A misericórdia do Senhor Deus e a habitação segura nele são descritas no Salmo.
 
1. NO SENHOR HÁ O SOCORRO EFICAZ QUE ESTANCA A ANGÚSTIA – V.1
Observa-se a oração bem fundamentada, tendo a certeza de que o socorro em Deus não é vão. “Deus é Deus de justiça”.
“Na angústia me tens aliviado” – No meio do sofrimento encontramos forças.
Os ídolos não podem proporcionar o verdadeiro socorro. Somente o socorro está no Senhor nosso Deus. “Sossegai” é o título sugestivo do Cântico 254 do Hinário Novo Cântico.
 
2. O SENHOR LEVANTA SOBRE O SEU POVO A LUZ DO SEU ROSTO – V.6
É a ação de Deus que é sábio e ao mesmo tempo amoroso, de iluminar vidas.
No Antigo Testamento ninguém podia ver a face de Deus, porque Deus é santo, mas também compassivo.
Levantar a luz do rosto é o gesto de amor que só em Deus há esse atributo em sua plena essência; ele concede o livramento, a salvação ao seu povo.  
 
3. NO SENHOR ESTÁ A PAZ E A SEGURANÇA DO SEU POVO – V.8
Se há uma oração bem-aventurada, logo, haverá uma paz bem fundamentada.
A vida em Deus encontra segurança verdadeira; não pode ruir, e o Senhor nos abençoa e nos faz repousar seguros.
A alma goza da mais profunda tranquilidade.
 
Muitas pessoas estão preocupadas com segurança em todos os sentidos: em casa, no condomínio, nas ruas e avenidas e nos lugares aonde possam andar e onde ficar.
Algumas pessoas estão inseguras em si mesmas, nas suas decisões e em seus sonhos.
Mas, quando se busca a Deus de todo coração, pode-se encontrar a verdadeira segurança, tanto para si mesmo e também nos encontros e reencontros da caminhada.

O Hino 145 – Hinário Novo Cântico traduz em poesia esta segurança em Deus.

Seguro estou, não tenho temor do mal, Sim, guardado pela fé em meu Jesus. Não posso duvidar desse amor leal, Ele em seu caminho sempre me conduz. Não me deixará, mas me abrigará, Do pecado vil me vem livrar; A sua graça não me recusará, Sim, Jesus é quem me pode sustentar.

(Refrão) No poder de Cristo, o Mestre, Minha vida salva está! Do perigo que cercá-la Ele poderá livrá-la! Seu poder eterno sempre a susterá!

Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

A PESSOA SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

 


O Salmo 15 atribuído ao rei Davi como autor, foi escrito, como acontece com frequência, sob forma dialogada, o poeta colocando uma questão à qual os versículos respondem. O Salmo era provavelmente recitado pelos peregrinos em caminhada para o templo.

O texto bíblico qualifica a pessoa que age segundo o coração de Deus. Isso quer dizer, sob a vontade de Deus. Apresenta exigências que são de grande importância na vida de quem considera o Senhor como o único Deus verdadeiro, e tem prazer de andar nos seus caminhos.

O Salmo mostra que Deus acolhe o ser humano integralmente. O ser humano é hóspede de Deus, Sendo assim, esse acolhimento é o resultado do grande amor divino por todas as pessoas.

Mas, quem habitará no “tabernáculo de Deus?” Certamente, os que procedem de acordo com o mal não podem fazer parte desse contexto; não podem ser convidados. Os que praticam o mal não podem agradar a Deus.

O Salmo ensina sobre os aspectos de uma pessoa segundo o coração de Deus.

Primeiro – O seu caráter é íntegro. “Integridade” no hebraico significa aquilo que é inteiro, sincero e sábio. Pratica a justiça e fala a verdade. O que a pessoa diz está de acordo com aquilo que ela é.

Segundo – Suas palavras são comedidas. A palavra “difama” tem um significado de “ir em derredor”, para espionar as coisas ou divulgá-las com outras palavras. É bem próxima da maledicência e da calúnia, em relação ao próximo. Quem ofende ao próximo, causa mal a Deus.

Terceiro – Seus tratos são honrosos. Ao perceber seu erro, não projeta isso para ou sobre o outro. A sua palavra é sempre recheada de verdade. Não ama os que se voltam para a crueldade. Não tira proveito da desgraça alheia, conforme fica claro em Levítico 25.35-38 e Deuteronômio 23.19.

Quarto – O seu lugar está garantido. Jamais será abalado, pois a sua segurança depende de Deus, e não de confiar naquilo que, como subjugado pelo mal, obstrui a vida. Assim, a pessoa que procede segundo a vontade de Deus tem o seu lugar assegurado no “tabernáculo” do Senhor ou, morar no santo monte. Isso quer dizer, uma vida na presença de Deus e sob a sua proteção contínua, tanto hoje quanto na eternidade.

Talvez, alguém possa contra-argumentar afirmando que esses aspectos são impossíveis de praticá-los. Mas, para os que assim possam retrucar é preciso considerar o ensino do Salmo 15 como exercício na vida cotidiana. É necessário e fundamental fazer um esforço para que essas orientações da Palavra de Deus sejam uma realidade, a fim de que a vida seja melhor.

Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha


quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

A MENSAGEM POSITVA DA CRUZ DE JESUS CRISTO




A MENSAGEM POSITVA DA CRUZ DE JESUS CRISTO

Texto Bíblico: 1 Coríntios 1.18-25
A mensagem da cruz tem conduzido muitas pessoas ao destino celeste. Tem conscientizado muitos cristãos acerca de seus deveres para com Deus e o próximo.
O apóstolo Paulo, nesta epístola, revela a uma Igreja problemática, dividida, que a sabedoria humana provoca a fragmentação e a decomposição do Corpo de Cristo, quando em si mesma é centralizada toda forma de desenvolvimento. A sabedoria humana é contrastada com a sabedoria de Deus. A sabedoria de Deus é evidenciada na cruz. Essa cruz causa espanto por parte do mundo que tem rejeitado a sua mensagem. Segundo Paulo, os judeus julgavam como escândalo, enquanto os gregos viam como loucura.
A verdadeira sabedoria de que nos fala o apóstolo Paulo é a revelada na cruz, nisto há uma divergência e não havendo conciliação alguma com a louca sabedoria deste mundo. Os filósofos gregos achavam um absurdo Deus ter morrido numa cruz; enquanto os judeus não acreditavam no Messias que veio para salvar o mundo dos seus pecados. Logo, pediam um sinal: “O ver para crer”. Com linguagem ousada e enfática, Paulo contrasta o método de Deus que parece loucura, com a ineficiência daquilo que o mundo toma por sabedoria. Destarte, a cruz de Cristo tem uma mensagem positiva.
Primeiro – A mensagem da cruz é positiva pela sua mensagem que é a Verdade. Tem procedência divina. Deus providenciou dos altos céus a salvação. Não obedece e não é regida pelos padrões humanos, antes, rege a vida. Também, não agrada os ideais do mundo, por isso, para este mundo é uma loucura. Assim, no meio de tantas mensagens enganosas, a mensagem da cruz é verdadeira.
Segundo – A mensagem da cruz é positiva pela sua qualidade que é inconfundível. Não agrada aos que “perecem”, porque gera uma nova consciência. As coisas velhas ficam para trás. Há muitas pessoas que não querem deixar as coisas velhas. Por outro lado, agrada aos que avaliam a vida cristã pela prática da Palavra de Deus. Reconhecem que Deus é sábio, logo, só proporciona o que é bom e justo.
Terceiro – A mensagem da cruz é positiva pela sua ação eficaz na vida das pessoas. Só Deus liberta as pessoas da condenação, por meio da cruz (1 Coríntios 1.21; Romanos 8.1). Só Deus torna as pessoas sábias pela verdadeira sabedoria, porque ela é eficaz em sua essência e ação. Somente a mensagem da cruz educa as pessoas, preparando-as para viverem melhor, sendo mais justas, amorosas, generosas e hospitaleiras.
Eis aí três evidências que demonstram ser a mensagem da cruz de Jesus Cristo positiva. Se alguém hoje mesmo abrir a mente e o coração, bem como a própria vida para a projeção da mensagem da cruz de Jesus Cristo, provará uma realidade inteiramente nova, que somente proporciona benefícios para uma existência com mais sentido.
Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha

Criação e Salvação

 


Rocha, Nelson Célio de Mesquita. Criação e Salvação. Um estudo sobre a afirmação teológica da criação e salvação sob o dínamis do Espírito segundo Pierre Gisel. Rio de Janeiro, 2007. 458p. Tese de Doutorado – Departamento de Teologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

O PROBLEMA DA ABORDAGEM TEOLÓGICA SOBRE A CRIAÇÃO E SALVAÇÃO
Ao ser considerada uma abordagem mais consistente acerca da reflexão teológica, no que concerne à problemática da criação e salvação quanto ao discurso teológico, é de profunda importância considerar que de acordo com a fé judaico-cristã, a doutrina da criação é, no sentido verdadeiro, doutrina de Deus uma forma de confissão de Deus como origem de todas as coisas, que, ao mesmo tempo, quer ser destino, do Criador que, ao mesmo tempo, quer ser salvador e consolador.
Por muito tempo a Igreja, principalmente a igreja protestante esteve distanciada do assunto da criação, compreendendo em seu contexto uma salvação desintegrada, considerando a alma em detrimento do corpo. Um ensino assim, apresenta-se sob a forma de uma linha gnóstica, responsável pela reflexão de uma salvação desintegrada do corpo. Em sua forma mais primitiva, o gnosticismo desapareceu quase totalmente no final do século III, época em que emergiu o maniqueísmo, tendência de dividir o mundo entre o bem e o mal.
Percebe-se também que um outro problema seja causa de transtorno para a reflexão teológica, que é o panteísmo. Do lado da ciência pode-se verificar o sistema cartesiano, que é base fundamental da modernidade, no sentido de separar mente e espírito. Da mesma forma, apenas se afirma teoricamente um Deus Criador e Salvador como mera confissão que somente sai do sentido da fala, sem um compromisso radical com a prática ensinada pela Bíblia e pela tradição teológico-eclesial.
Verifica-se também que existe uma crise ambiental no mundo, e que em muito compromete o ecossistema. Por que os pontos de vista teológico-criacionistas sofreram abalos, quando no passado se levantaram acusações de que a ordem bíblica dada aos seres humanos de dominarem a terra e de explorá-la em seu proveito deu uma grande contribuição para a atual ameaça do meio ambiente? Talvez para muitos cristãos o problema da relação entre Criação e Salvação se coloque no nível de uma abordagem de cunho espiritualista de proporções gnósticas, em que este mundo jaz no maligno. O que importa é a alma ser redimida. Enquanto essa problemática faz eco na sociedade, a terra está sendo abalada, destruída e sem defesa. É a denominada armadilha do “dualismo” religioso.
Um tema de grande repercussão entre católicos e evangélicos nos anos 70 (Séc. XX), cujo teor resumido da temática que foi desencadeada teologicamente, resultou em estudos de juízos diferenciados, no sentido que muitos admitiram que a compreensão de realidade dos escritos bíblicos possibilitam lidar com destemor com as coisas do mundo, propiciando o progresso tecnológico. Isto que dizer que os cristãos são chamados à única ordem de dominação que é desenvolver a salvação como resposta ao apelo a uma disposição irrestrita e responsável para preservar o mundo que é o espaço de prova de bênção outorgado pelo Criador.
A criação é lugar incontornável de prova de bênção. A realidade se apresenta com consistência própria, rica e complexa. Tem de haver uma relação entre o homem e a natureza, como está no conteúdo da criação em sua origem. Na Bíblia pode-se encontrar uma marca decisiva de estruturação dessa realidade. Deus se revelou mais profundamente no homem e a criação é oferta ao homem, como bênção ou ocasião de graça. Percebe-se nessa linha estrutural, a figura de gratuidade de Deus para com o homem. Quanto ao problema do mal, percebe-se o aumento de contingência e seu desdobramento desde a origem. O homem é responsável pela distorção ocorrida. As forças do mal e do pecado afetaram a humanidade e a própria natureza, fazendo com que perdesse a direção e a sua missão na terra. Assim, temos uma criação em forma de processo. Ela é um bem que vem de Deus. O homem, situado no começo de uma criação de Deus e sobre ele pesa a responsabilidade de cuidar dela. A ardente expectativa da criação aguarda a libertação (Romanos 8.18ss). É fundamental observar que existem as dimensões da experiência humana inscritas por Deus na obra da criação. Novos céus e nova terra são diferentes da realidade do mal.
Isso tudo já pesa no sentido de se fazer tentativas para resolução acerca do problema. A Teologia ainda não tem respostas para todas as questões que pululam nas mentes das classes sociais, e uma vez que se deixa de refletir sobre os problemas existenciais, certamente haverá uma piora. Uma piora pode se desdobrar se houver uma constância insistente de uma não-reflexão séria sobre a realidade humana e a realidade do cosmo integrado, salvificamente. Mais pessoas alienadas estarão dentro dos umbrais de comunidades que se denominam igreja. Tudo isso, se o olhar estiver fixo no prisma de uma separação daquilo que Deus criou e que salvou por graça e misericórdia. Há hoje, quem professe um cristianismo que tem apenas um interesse estritamente mercantilista; que atende unicamente a pressupostos intensamente pessoais e subjetivos, de modo fechado.
Com o intuito de impedir alguma derrocada teológica, há vozes proféticas que se levantam; há quem esteja se esforçando para construir canais de abertura, no sentido de uma comunicação teológica que rume a uma prática transformadora e que cause mudanças, no sentido de se ter uma sociedade mais justa e provida de amor fraterno. É preciso fazer memória, que significa não repetir um passado, nem assegurar uma linha de pura continuidade.
Nelson Célio de Mesquita Rocha

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

ANUNCIANDO A BOA NOVA

 


Texto Bíblico: João 1.40-42
O testemunho da Igreja acerca do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo é algo que implica no crer, que se significa Fé obediência ao Evangelho. É maravilhoso comunicar a Palavra de Deus; proclamar a salvação que nos chegou, e nos proporcionou um novo tempo de certeza que a vida vale à pena ser vivida.
A estrutura do Evangelho de João apresenta uma progressão, um desenvolvimento que a Igreja experimenta, onde assume a sua vocação. Ela anuncia o Evangelho, a Boa Nova de Deus, do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
A partir do anúncio se concretiza essa realidade nova que foi imprimida por Deus nos corações. O exemplo de André, que significa varonil, vencedor, o primeiro apóstolo chamado por Jesus; ele era de Betsaida (Jo 1.44), pescador e irmão de Simão Pedro (Mt 4.18), nos mostra que, primeiro há o chamado do Mestre, depois, Ele nos convida a sermos instrumentos de Sua graça para a salvação de outras pessoas. Assim vemos que André evangelizou seu irmão, Simão Pedro, que depois foi chamado a pescar homens (Mc 1.16,17). Pedro também se tornou apóstolo de Jesus; anunciou o Evangelho aos gentios e pregou a mensagem no dia de Pentecoste, onde muitos ouviram a Palavra de Deus e se converteram, depois, batizadas.
Quantas obras realizaram os apóstolos, e que não foram registradas? Muitas obas. Muitos deram a própria vida por causa da Boa Nova. Diz a história que André chegou a ser crucificado em Acáia, segundo a ordem do procônsul Eges, cuja esposa se convertera ao ouvir a sua pregação.
André foi achado por Jesus. Depois, André achou ao seu próprio irmão, e lhe comunicou a maior mensagem: achamos o Messias! André também o levou a Jesus. Este é um processo natural de evangelização, porque a Igreja se preocupa com a salvação das pessoas.
Nos versículos de Jo 1. 43-51, verifica-se Filipe fazendo essa comunicação a Natanael, continuando, portanto, a missão de fazer discípulos.
Anunciar a Boa Nova é um privilégio concedido por Deus à sua Igreja, que é instrumento para a salvação de pessoas. A Igreja tipificada em André, Filipe e outros, fundamentada na rocha da nossa salvação, estará cumprindo a ordem do Mestre que nos chamou com santa vocação.
Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha

domingo, 1 de janeiro de 2023

CORRER COM UM PROPÓSITO

Texto Bíblico: 1 Coríntios 9.24-27

O ser humano ocidental é marcado pela correria. Vive-se correndo o dia todo e não há tempo para a realização de todos os empreendimentos. Há pessoas que desejam o dia com mais horas. Quem sabe, trinta horas? O certo é que nessa correria não se consegue, muitas vezes, atingir o alvo, em decorrência disto vem o desgaste e até mesmo as frustrações. Vale a pena ressaltar que, muitas vezes não há uma parada para se pensar e se avaliar a obra que se está empreendendo.
No texto neotestamentário da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, 9.24-27, o autor inspirado pelo Espírito Santo, de uma forma muito inteligente usa a figura do atleta das corridas que eram realizadas de três em três anos, na Grécia dos tempos da antiguidade, para ensinar, bem como para valorizar o serviço cristão.
Sendo uma pessoa experiente na vida cristã, o apóstolo Paulo sabia que todo empreendimento não seria muito fácil, mas importante a sua realização. Ele argumenta sobre as realizações da vida humana, da vida cristã com plena convicção, e explicita que a coroa que lutamos para conquistar não é uma coroa corruptível, mas incorruptível (que não murcha).
Vale lembrar que, a coroa corruptível era feita de folhas e colocada sobre a cabeça do atleta vencedor de qualquer modalidade de competição. Vale lembrar também que essa coroa não significa a salvação, mas o esforço cristão a ser realizado com muito empenho, para fazer concretizar na história os ideais do Reino de Deus.
Paulo argumenta que para se conquistar a vitória deve haver o domínio próprio e correr com uma meta ou com um objetivo. Deve o cristão procurar um aperfeiçoamento interior e não apenas exterior, uma vez que a vida cristã é de realizada de teoria e prática no cotidiano.
O texto fala assim, em face de algumas pessoas viverem de aparências, entretanto, isso deve ser mudado, pois a salvação produz uma vida cheia de alegrias e de realizações; e para se correr com um propósito, deve-se, em todos os momentos haver uma luta contra nós mesmos, procurando eliminar as mais diversas formas de egocentrismo.
Paulo usa a palavra desqualificado, que é traduzida por desaprovado, demonstrando que o serviço que se presta a Deus, tem de ser o melhor, sem relaxamento, ou às pressas por causa do tempo, mas com um propósito. Correr com um propósito deve fazer parte do contexto da vida cristã.
Inicia-se mais um ano da nossa caminhada neste mundo, espaço de provas e de bênçãos; espaço de realizações históricas para o mal ou para o bem. Sendo assim, não devemos ocupar o nosso tempo com coisas banais. Portanto, corramos, vivamos a vida cristã com um propósito que seja bem definido, que seja bem fundamentado, que seja para o bem do próximo e que vise a glória de Deus.
Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha