segunda-feira, 11 de julho de 2022

ORDEM POLÍTICA E ORDEM MORAL - PARTE 1

 

1. Problemática ético-política fundamental

Existe um nexo entre religião e moral e simultaneamente entre ética e política. Assim, não se pode abstrair dos problemas da justiça social, quando se proclama a mensagem religiosa. Todos os problemas morais têm um fundamento religioso. E o papel da Igreja é enfrentar questões de justiça e de direito, quando quer propor a sua mensagem religiosa, que recolhe as instâncias proféticas de tradição bíblica e da moral evangélica.

Existe um vínculo profundo entre a mensagem evangélica e a justiça humana. A Igreja deve se manifestar diante de todos os regimes totalitaristas que se levantam; deve agir em favor dos injustiçados, dos pobres que são esmagados. A proposta cristã, tem como natureza e destino um conceito diverso do Estado, finalizado ao bem comum, guarda dos direitos fundamentais dos cidadãos e de todas as exigências sociais. Assim, haverá sempre uma tensão entre Igreja e Estado.

2. A missão profética da Igreja

2.1. O momento crítico da missão profética

A Igreja quer oferecer ao povo de Deus uma mensagem de esperança, e exercendo sua ação profética, denuncia todo o tipo de agressão à vida humana, em um contexto onde ricos e se tornam mais ricos, e pobres mais pobres.

A Igreja proclama uma mensagem de libertação integral, como fruto da humanidade remida, em ordem a um crescimento da justiça e fraternidade entre homens e mulheres, alcançando até mesmo a biodiversidade.

Ainda que o Reino de Deus não coincida necessariamente com o progresso humano, existe uma relação íntima entre escatologia e história, dado que o plano divino deve incidir na história humana e a prática da caridade implica múltiplas exigências de justiça.

A mensagem evangélica procura a conversão individual e comunitária. A mudança de cada um e a transformação da sociedade, no espírito do Evangelho. O Evangelho modifica a história, porque implica a libertação do pecado e a criação do homem novo. Assim, os imperativos religiosos e éticos se apresentam como fundamentais: justiça, liberdade, paz e caridade.

Não é somente uma tomada de consciência por uma teoria social apenas, mas se exige também a prática libertadora. Isso porque a Igreja não pode esquecer o juízo crítico da tradição profética sobre as injustiças na sociedade, nem sequer pode esquecer-se do imperativo evangélico da caridade fraterna.
2.2. A Igreja e a promoção da justiça

A salvação evangélica não pode prescindir dos problemas conexos com a libertação humana de cada um e da sociedade em conjunto, para fazer com que o pecado e as suas consequências sejam eliminados individual e coletivamente.

Libertação do pecado significa também libertação da fome e da opressão, da violência e do erro. No contexto de opressão social, é necessário anunciar a salvação cristã sob o sinal da cruz, encorajando os encarcerados e oprimidos, criticando evangelicamente os opressores e injustos.

O dever da comunidade eclesial é de educar os povos, para que seja superada toda forma de egoísmo e injustiça, para que sejam mudadas as estruturas sociais injustas e para que se desenvolva o justo progresso humano. Também, promover a libertação integral dos marginalizados e oprimidos, no espírito das bem-aventuranças, pois, a salvação cristã deve redimir a história. Assim, a Igreja convida as pessoas a instaurar uma nova ordem de justiça e de paz.

Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha