terça-feira, 23 de agosto de 2022

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29 de março de 2022

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segunda-feira, 8 de agosto de 2022

A dimensão profética da Diaconia

 A dimensão profética da Diaconia


“... E contando com a simpatia de todo o povo.” (Atos 2.47)

O fundamento da missão diaconal da Igreja é Jesus Cristo tem como objetivo afirmar que Jesus não somente anunciou a boa nova do Reino, mas a concretizou em sua vida, em suas palavras e gestos.
Ao mesmo tempo em que Jesus anunciava o Reino, já o antecipava de forma concreta na história, começando pelos mais desamparados (Lucas 7.22).
Analogamente, a Igreja tem a tarefa de prolongar a esperança proclamada por Jesus, ao mesmo tempo em que realiza “em gestos de libertação da opressão, de solidariedade para com os fracos, e de reativação de todas as energias de bondade e superação do egoísmo”.

1. A voz que se perpetua na estrutura sócio-político-religiosa

Como pessoas pertencentes à sociedade, ninguém pode viver isolado de outros. Fazemos parte de muitas redes sociais, desde a infância e a vizinhança até realidades mais amplas, como a sociedade brasileira.
Cremos que Deus nos criou como cidadãos participantes e co-responsáveis pelo bem de todos. A fé cristã não rejeita a sociedade como um espaço marcado pelo pecado; ao contrário, vê nela uma oportunidade para formar relações boas e justas entre as pessoas.
A Sociologia é a ciência que estuda o convívio e as instituições sociais, confirma que a sociedade é constituída por pessoas, por seus valores e sonhos. Às vezes, são mais marcantes os ideais que promovem a dignidade humana; outras vezes, destacam-se os interesses particulares e o egoísmo na construção da sociedade.
As questões sociais mais prementes são: saúde, moradia, alimentação, emprego, dinheiro. Todos estes determinam o lugar de cada pessoa na sociedade, e qualquer mudança que leve em consideração a libertação implica transformações destas condições.
Junto à caminhada em favor de uma melhor sociedade, acha-se a Igreja. A Igreja tem muito para colaborar com a sociedade, através de sua diaconia. As questões sociais são desafios para a Igreja de Jesus Cristo. O que concretiza a ação diaconal é que sempre deve partir do amor, amor que inclui, que acolhe e que busca comunidade – Koinonia.
A comunhão é outro sinal visível que a diaconia traz embutida no momento da atuação. A Igreja não quer substituir a sociedade, mas, ao contrário, ela quer colaborar na sociedade e com a sociedade. A Igreja faz parte do contexto maior que é a sociedade e, em conjunto, quer trabalhar para o bem comum.
A diaconia está a serviço da vida e quer aliados para levar a tarefa adiante. Levar a tarefa adiante através de uma ação profética de uma palavra sempre consciente, doutrinária e objetiva em favor da vida.
A sociologia diaconal olha para fora da Igreja, vê os necessitados, coloca-se ao lado e colabora para a formação da comunidade. Esse olhar tem a ver com a reflexão sobre a situação das pessoas, como a realidade e com o diálogo com outros saberes.
O diálogo interdisciplinar é necessário. O diálogo interdisciplinar e o conhecimento adquirido são aliados para conhecer melhor a realidade e as pessoas para, a partir delas, construir em conjunto uma comunidade que ensaia a vivência da graça, que busca concretizar o evangelho através da luta por mais justiça, pela busca por cidadania e direitos iguais para todas as pessoas.

2. A força da proclamação que alcança a todos sem distinção

Em 1 Coríntios 13.13, o apóstolo Paulo afirma com muita precisão:

“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor: porém destes três, o maior é o amor”.

Em todas as sociedades e grupos existem valores. Esses valores têm uma função muito importante, pois fundamentam a compreensão do que é certo, bom e importante a fazer. Assim é também para os cristãos:

Amor, serviço, ajuda solidária e esperança são alguns valores que marcam o nosso entendimento do que é vida cristã.

A estrutura social privilegia o individualismo, as relações de interesse, a ascensão social e o cotidiano. Adia sempre, os sonhos do indivíduo. Há todo o tipo de competitividade e busca por poder, que vem marcado por preconceitos, autoritarismo e luta dogmática. Nem sempre esses elementos aparecem de uma forma clara. Normalmente vêm mascarados, sem jamais dar espaço para o questionamento. Também no mundo eclesiástico estes valores têm lugar – às vezes acontece uma distância entre o discurso e a prática.
A força da proclamação que alcança a todos é o amor. O amor não tem cor, nem idade, classe social ou econômica. Amar é colocar-se ao lado, ajudar onde houver necessidade, não deixar o preconceito tomar conta, integrar a pessoa na comunidade. O amor não é fardo, não usa máscara, não é somente uma boa ação. Este verbo AMAR vai muito mais além do que boas ações. Amar tem a ver com Cristo, com seus ensinamentos.
O Evangelho nos ensina que devemos amar – amar a Deus e ao próximo. Amar é mandamento divino (Mateus 5.43-48). O amor é a substância profética que marca a vida eclesial, a Igreja, como corpo de Cristo, como Povo de Deus.
Essa força que alcança a todos é mais bela forma de marcar a vida cristã, pois como se expressa João em sua Primeira Epístola 3.14: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos...” Aquele que ama não assassina, não encolhe a mão, não fecha o coração, não ama somente de palavra (1 João 3.14-18).
O Espírito de Deus capacita para o exercício do amor. Todas as pessoas podem servir. Neste caminho não há receitas. É preciso arriscar – é uma aventura de fé.

3. A ação libertadora com dimensão holística

A compreensão holística do ser humano tem por natureza concebê-lo em sua totalidade:
corpo e espírito, indivíduo e sociedade, pessoa e cosmos, tempo e eternidade. É nessa totalidade que o ser humano é alcançado pelo evento salvífico da morte e ressurreição de Jesus Cristo e lhe é dado acesso à verdadeira plenitude humana. Cristo assume a existência humana em todas as dimensões.
Essa declaração é importante por fazer frente à dicotomia entre corpo e espírito, abrindo, assim, caminho para o comprometimento integral da Igreja também com as necessidades corporais das pessoas.
A compreensão da salvação concebe–a como sendo a comunhão do ser humano com Deus e dos seres humanos entre si. Por isso, a salvação é também uma realidade intra-histórica. Ao alcançar concretamente as relações humanas neste mundo, a mensagem da salvação orienta, transforma e leva a história à sua plenitude.
Uma postura cristã com esse perfil pode apresentar uma cosmovisão de um mundo otimista, contra um enfoque pessimista que favorece uma atitude de fuga diante dos problemas sócio-políticos. Numa concepção positiva, as preocupações em torno da injustiça social são vistas como desafio para a fé; tenta-se conciliar a fé e o mundo e facilitar uma atitude de compromisso em relação à luta pela libertação de estruturas opressoras que impedem o ser humano de viver com dignidade.
Diante de uma postura que incida em ação sempre libertadora, alcançando o ser humano de modo integral, faz que a Igreja se compreenda e se desenvolva como sua voz e postura profética na sociedade, tendo a legítima compreensão da encarnação. A Palavra de Deus não é uma palavra que fala sobre Deus e sobre o ser humano, unicamente, mas que esta se faz carne. A Palavra de Deus chega a nós através da história humana. Deus revela o mistério da sua pessoa na história. Por isso, a história humana é o lugar do nosso encontro com Deus, através de Cristo.
A compreensão da caridade – a partir de Mateus 25.31-46 – faz-se destacar três aspectos:

1. A comunhão e a fraternidade como sentido último da
existência humana;
2. A insistência em um amor que se dá em gestos concretos,
acentuando a primazia do “fazer” sobre o simples “saber”;
3. A revelação da necessária mediação humana para chegar ao
Senhor.

• A Igreja de Jesus Cristo tem uma grande responsabilidade: cuidar do mundo, pois é o seu espaço de atuação missionária.
• E, com gestos de caridade, de amor, pode criar nova possibilidade do ser humano conhecer o plano de redenção que está em Jesus Cristo, a Palavra que se fez carne e habitou entre nós.
• A ação libertadora que está em Cristo, pregada pela Igreja, alcança o ser humano de modo integral. Assim, todo dicotomismo cai por terra.

Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha