sábado, 3 de novembro de 2007

A Realização do Amor a Deus no Amor ao Próximo

(Marcos 12.28-34)

Não se pode entender a relação com Deus de forma fragmentada e desconectada da operosidade em relação ao nosso semelhante, bem como ao mundo e a realidade que nos cerca. Classificar algum mandamento única e definitivamente como principal é experimentar a dissociação que já impera no mundo cartesiano: divisões por vaidades, classes de pessoas por ambições, ricos e pobres por interesses, ter em detrimento do ser, etc.
O texto do Evangelho de Marcos, em epígrafe, nos toca existencialmente. Nos mostra que a novidade do evangelho não consiste em propor o amor como mandamento principal. Ele não pode ficar num pedestal teórico, sem operosidade, apenas erguendo-se como um título desconexo com a realidade. Isso quer dizer que a profissão de fé em Deus não consiste de expressões sem compromisso, mas de demonstração de boas obras, que marcam uma vida que foi alcançada pela divina graça. Nessa condição, não existe nenhuma possibilidade de dualidade, de separação, de segregação ou de qualquer outro termo que indique alguma divisão.
O ensino de Jesus de Nazaré, hoje, nos educa no sentido de aprendermos que o amor de Deus se exprime e se realiza no amor para com o próximo. Há uma unidade que se presencializa no conteúdo apresentado por Jesus ao doutor da lei mosaica, um dos escribas que fez a pergunta sobre “Qual é o principal de todos os mandamentos?” (Mc 12.28). Jesus lhe responde que amar a Deus implica em amar o próximo como a si mesmo. Caso não seja assim, fica-se apenas com uma religião sem sentido histórico. A premissa básica, no ensino de Jesus, que acentua a unidade, é melhor do que todos os holocaustos e sacrifícios.
Urge que, hoje mesmo, deixemo-nos tomar pelo conteúdo do ensino evangélico, considerando a unidade do mandamento que tem a função de educar o ser humano para viver a vida de verdade, sem os engodos das separações que são feitas no cotidiano, e que só causam mal ao relacionamento humano. Saudemos esse novo tempo inaugurado por Jesus Cristo, pois não tem conhecido fronteira, e tem uma luta diária em prol da unidade, mesmo que exista a diversidade. Vivamos hoje, de forma livre, para construir uma história menos egoísta e com menos divisões, sejam de que tipo for. Deixemos para a posteridade uma herança que traz em seu bojo a maior riqueza: a realização do amor a Deus no amor ao próximo. Isso implica na própria realização do ser, a partir da consciência percebida no encontro com o Deus da vida.

Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha

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