sábado, 10 de dezembro de 2022

AGINDO SEGUNDO O PRINCÍPIO DO PERDÃO


AGINDO SEGUNDO O PRINCÍPIO DO PERDÃO

Mateus 18.21-35

A data 11 de setembro de 2001, será sempre lembrada, com pesar, pelos norte-americanos, quando as Torres Gêmeas do World Trade Center foram literalmente destruídas por grupos terroristas internacionais. Muitas pessoas perderam suas vidas, seus entes queridos sofrem até hoje com esse infortúnio. Em todo mundo foram e são passadas e repassadas as cenas catastróficas. Ficamos a pensar sobre a revolta do governo americano, e também no coração da nação... Será que há pelo menos uma gota de perdão? Não é difícil arriscar uma resposta, não obstante à resposta do governo, de mandar bombardear cidades importantes do Afeganistão, país situado no Oriente. E, até hoje, há uma busca de aliança do governo americano para executar seu plano de vingança contra seus inimigos.

René Girard, em sua obra “La Violence est le sacré”, 1972, publicada em português “A Violência e o Sagrado”, pelas editoras UNESP e Paz e Terra, 1990, desenvolve o pensamento de uma tarefa muito complexa, sobre os temas da ordem, desordem, estabilidade e violência. Segundo Girard, os homens são governados por um mimetismo instintivo responsável pelo desencadeamento de “comportamentos de apropriação mimética” geradores de conflitos e rivalidades de tal ordem, que a violência seria um componente natural das sociedades humanas a ser incessantemente exorcizado pelo sacrifício de vítimas expiatórias. Há uma certa dose de violência dentro de cada pessoa. Todos querem a vingança. O perdão se torna algo quase impossível.

No texto de Mateus 18.21-35 evidencia-se a questão do perdão, sobre a sua prática na Igreja e na sociedade dos humanos. A pergunta elaborada por Pedro é a pergunta de nós todos: “Quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?” Jesus responde: “Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. Todos nós temos dificuldades em termos de perdão. E o Evangelho nos ensina que o perdão é um dom que temos de exercitar sempre. Não tem limites. Assim como Deus nos perdoou e perdoa, devemos também fazer com os outros. É difícil, mas não impossível. Um coração perdoado é um coração que perdoa. Muitas feridas que foram abertas podem ser curadas.

Jesus contou uma parábola sobre um credor que foi perdoado por seu senhor, acerca de uma dívida muito grande, mas não usou de misericórdia com um que lhe devia uma pequena quantia. Agiu de modo contrário. Não é assim que muitos de nós fazemos? No entanto, devemos observar que, caso não atendamos aos preceitos do perdão, certamente receberemos o juízo do Supremo Juiz de toda a terra. Então, um coração que não perdoa não pode ser feliz.

Pastor: Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha

 

A importância da Escola Bíblica Dominical. Prof. Nelson Célio de Mesqui...

Jesus Cristo: o Renovo da Esperança. Isaías 11.1-10.

O significado do Ano Litúrgico ou do Calendário Cristão. Vídeo 1.

A importância e o significado do Ano Litúrgico. Vídeo 2.

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

NO, WOMAN, NO CRY – NÃO, MULHER, NÃO CHORE

 


Texto Bíblico: Lucas 7.11-17
A vinda de Deus para estar entre nós é uma realidade inconfundível. Deus não nos deixou sozinhos. A sua palavra tem como garantia a promessa que a ela está presa.
A presença de Deus entre as pessoas abriu a porta para uma nova configuração de vida, pela vitória definitiva sobre a morte.
Os protagonistas do texto: uma mãe viúva e seu filho, jovem, morto. Uma mulher sem família, pobre e desprezada. Perdeu o seu único bem terreno. Seu único filho. Seu filho era a sua única esperança.
Dois cortejos se encontram à porta da cidade: Jesus acompanhado de seus discípulos e numerosa multidão, e uma mãe que segue o caixão do seu filho acompanhada de uma multidão da cidade.
A atenção de Jesus vai para a pobre mãe. Sua participação na dor é imediata. A ordem de não chorar, mesmo nesta circunstância possa ser paradoxal, é uma promessa.
Não é apenas uma simples palavra de consolo, mas a promessa de que o jovem pode ser entregue vivo à sua mãe. É o que Jesus, o próprio Deus, realiza nesse momento (v.14-15).
A reação religiosa da multidão reconheceu a ação potente e salvífica de Deus (v. 16).
Jesus não somente é o grande profeta esperado para os últimos tempos, o restaurador do povo de Deus, mas é o Senhor; ele é o próprio Deus que agora intervém, de maneira eficaz, para a salvação de seu povo.
Esta é a visita definitiva e excepcional de Deus; a ressurreição dos mortos é um sinal decisivo para quem o sabe acolher.
Jesus dá conforto, fazendo vencer a morte, mas como Senhor e vencedor da morte, é quem inaugura o tempo novo de esperança para todos os que creem.
1. UM DEUS PRÓXIMO MESMO NA DOR (V. 12)
Toda distância foi desfeita pela vinda de Deus para estar com o ser humano.
Deus se tornou limitado não em sua essência, mas em sua identificação com o ser humano.
A proximidade de Deus em Jesus faz que haja um novo tempo, um tempo de tranquilidade.
2. UM DEUS QUE VÊ A AFLIÇÃO E SE COMPADECE
Desde o AT se percebe a descrição de um Deus que vê: “E viu Deus os filhos de Israel e atentou para a sua condição” (Êxodo 2.25).
Viu também Deus a aflição de uma mãe viúva no AT, e respondeu à oração do profeta Elias (1 Reis 17.22-23).
Deus vê e se compadece porque tem profundo interesse pelas pessoas. Em que todos possam viver.
3. UM DEUS QUE É VENCEDOR DA MORTE
O ato de vencer a morte é o grande sinal do novo tempo que permite vida em abundância para todos.
O tempo hoje é o tempo de esperança para todos os que creem, porque podem ver o reino de Deus.
A força do cristão é a sua fé no Deus vivo que venceu a morte a continua próximo. Mesmo que venham as dificuldades, ele está presente.
O Senhor Jesus transferiu responsabilidades à sua Igreja. A Igreja tem de ser próxima, de ver a aflição das pessoas e lutar contra a morte no dia a dia da existência humana.

Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

DEUS AMOR-SOLIDARIEDADE

 

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Texto bíblico: Isaías 43.1-7

Ser solidário é procurar viver o amor como realmente deve ser vivido.
Ser solidário é participar com o outro na alegria ou na tristeza. É o dar-se um pouco, a fim de que a opressão, a angústia, o medo, o perigo, a miséria e a dor do outro não interrompam a vida.
Ser solidário é viver a vida que o Senhor veio nos ensinar, assim como Jesus, que, na cruz, entregou-se por nós. Ele suportou toda a ignomínia. E isso, por nós, seres humanos.

A narrativa de Isaías nos diz algo profundo sobre a Palavra do Senhor: “Assim diz o Senhor”. Quem fala é Deus e não qualquer senhor; é o ADONAI quem fala; é o Criador do Céu e da Terra; o Criador que estabeleceu todas as coisas que existem; o Criador do ser humano.
É o Senhor quem cria e dá o fôlego de vida. O Senhor é quem executa o seu amor em favor do seu povo, salvando-o da mão do inimigo; libertando-o da escravidão opressora e conduzindo o seu povo à Terra da Promessa.
O Senhor é quem liberta e guia o seu povo por um bom caminho, rumo à Terra da Promessa - a terra que produz leite e mel, porque é o Senhor mesmo quem sustenta o seu povo.
O Senhor que liberta é o Senhor que abre as águas do Mar Vermelho e do Rio Jordão; é o Senhor que não deixa um fio de cabelo queimar na fornalha de fogo ardente, porque a sua misericórdia é para todo o sempre.
Deus é o Senhor, o Santo de Israel, o Salvador. Ele é o Deus Amor-Solidariedade. O Deus que se solidariza é o Deus que ama a todos sem distinção.
A solidariedade divina deve ser bem compreendida também por nós hoje. Isso tem de ser experimentado a cada dia na vida de todo aquele que exerce a sua fé e confiança no Deus solidário.

Algumas lições que devemos gravar na mente, sobre o texto bíblico em tela:

1. DEUS É O SENHOR
Deus se revela de forma especial. Quem é Deus? Deus se revela como: Criador (v. 1), Santo de Israel (v. 3), Salvador (v. 3), Eterno (v. 13) e como Deus Poderoso (v. 13).
Deus é inconfundível, assim, não existem outros deuses e nem outros salvadores...

2. DEUS É DEUS PRESENTE
O Senhor está presente em todos os momentos da vida (v. 2).
Em momento algum, Deus abandou o seu povo – A trajetória do povo de Israel, desde o seu nascimento até à entrada na terra da Promessa.
Sendo Deus o Deus presente, nos dá segurança na caminhada.
“Deus é o nosso refúgio bem presente...” (Salmo 46.1).

3. DEUS É QUEM DESTROI TODO O MEDO
A Palavra do Senhor é uma palavra que incentiva à coragem: “Não temas”.
Deus nos chama por um novo nome – Nós somos dele e não temeremos.
1 João 4.18: “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo...”

4. DEUS É SALVADOR PELO SEU MARAVILHOSO AMOR
Diz o Senhor: “Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador” (v. 11).
A salvação é proclamada e realizada pelo Deus-Salvador (v. 12).
O amor de Deus produziu a redenção da humanidade – é para todo aquele que crê.
Agindo o Senhor, pelo seu amor, quem poderá impedir? (v. 13).

O Deus que é se revela de forma especial como Deus único, e que é amor, torna-se inconfundível para quem o reconhece.
O Deus que é presente, que destrói todo o medo, que salva pelo seu amor que é maravilhoso, só pode ser o DEUS SOLIDÁRIO.
Portanto, DEUS É AMOR-SOLIDARIEDADE.

Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha

A MENSAGEM INCOMPREENDIDA


Texto Bíblico: Lucas 7.11-17

O maior navio do mundo, o Titanic, lotado por centenas de tripulantes, ocasionando orgulho para o seu autor, a Companhia White Star, bem como para o estaleiro executor do serviço, desceu ao fundo do Oceano na quarta-feira, dia 10 de abril de 1912. Navegava da Inglaterra para Nova Iorque com 2.200 pessoas. Por causa de uma mensagem mal compreendida e também pelo comando não atentar ao aviso do rádio, de que havia muitos icebergs em sua direção, deu-se a catástrofe. Todos achavam que o navio podia superar todas as dificuldades do Oceano.
Jesus, observando um grupo de crianças brincando, aproveitou a oportunidade para contar uma parábola. Um grupinho fazia o papel de músicos da festa de casamento; mas os outros não dançaram. Depois, imitaram o comportamento dos adultos quando alguém morre e seu corpo é preparado para a cerimônia do enterro; mas os outros não colaboraram, não ficaram de luto, nem choraram.
A aplicação desta parábola é muito profunda. O primeiro grupo de crianças representa Jesus, que veio convidar para a festa de casamento messiânica. O outro grupo, representa João Batista que aparecera antes com um chamado para a conversão. “Mas esta geração” não compreendeu e rejeitou a ambos.
É uma geração que se comporta como crianças. Fizeram um juízo errado de João Batista e do Filho de Deus. Os líderes religiosos fizeram pouco caso da messianidade do Filho de Deus.
O que leva uma pessoa ou uma geração a não compreender a mensagem das Boas Novas que é o Evangelho?
1. UM COMPORTAMENTO DE REJEIÇÃO
Por diversas vezes age-se como crianças. Quem já conviveu e convive com crianças sabe que elas sem sempre correspondem às expectativas dos adultos. Às vezes ficam emburradas; muitas vezes estragam o jogo porque simplesmente se recusam a participar dele ou porque não entenderam o jogo e as regras.
O apóstolo Paulo em 1 Coríntios 13.11 faz uma declaração que vale à pena atentar: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino”.
As pessoas rejeitaram o Messias. Tomando as palavras do profeta Isaías 53.3 assim consta: “Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens...” João Batista veio preparar o caminho do Filho de Deus e o chamaram de louco com demônio, e o mataram. O Filho de Deus veio (Gálatas 4.4; João 3.16) e o repugnaram; o preteriram e ainda o fazem. Que semelhança há entre o passado e o presente de uma humanidade sem Deus!
2. A INCAPACIDADE HUMANA GERADORA DE CONFLITOS E MISÉRIA
Os fariseus, os saduceus e os escribas não aceitavam o ministério de vida do Filho de Deus, antes murmuravam contra Ele (Lucas 15.2).
Em João 8.43 Jesus pergunta: “Qual a razão por eu não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha Palavra.”
A incapacidade é a marca, a característica de quem não procura servir a Deus de todo o coração. A incapacidade aniquila a vida. É preciso deixar a rejeição e a incapacidade, e procurar ouvir o que Deus está dizendo hoje, através de Sua Palavra, pois o que ele tem a dizer é o melhor para todos nós.
3. A MENSAGEM COMPREENDIDA PROPORCIONA VIDA
Neste momento decisivo da história, a única solução para resolver todos os problemas é a conversão verdadeira das pessoas a Deus, através de Jesus Cristo.
O mundo está enfermo e precisa de cura; está pobre e precisa da verdadeira riqueza que é Deus; o mundo está morto e precisa da verdadeira vida.
Em 1 João 5.12 está escrito: “Aquele que tem o Filho de Deus tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida”.
A menagem do Evangelho é revigoradora. Só através de Jesus Cristo o ser humano pode ser feliz para sempre.
“Conhecedores da Sabedoria”. “Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos”. Os filhos da Sabedoria são identificados como o povo salvo e redimido. Os que possuem a verdadeira vida são os que compreendem a obra de Jesus. São os que foram justificados pela graça divina, entendem e atendem ao chamado de Deus, para serem cúmplices do seu Reino.
É necessário a todos compreenderem a mensagem de Deus: a verdadeira vida. É tempo de haver a reconciliação com Deus através de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ele é o único caminho que conduz à vida eterna, que é a vida com Deus a partir do aqui e do agora.
A base da vida não pode estar nas mensagens veiculadas por pessoas ou instituições que não têm compromisso com a verdadeira vida. Às vezes é mais fácil atentar para uma mensagem “atraente”, mas desprovida da força vital que sustenta toda a existência. A verdadeira vida é a vida fundamentada em Deus e na sua Palavra.
Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Aula 12 - Vídeo 2 - O Método de Correlação de Paul Tllich - Prof. Nels...

AULA 5 - VÍDEO TS 1

29 de março de 2022

Aula 3 - Introdução à Teologia e seus Métodos- Prof. Nelson Célio de Mes...

Teologia Sistemática 1 - Aula 1 - FAECAD

A DIACONIA- VÍDEO 2 - PROF. NELSON CÉLIO DE MESQUITA ROCHA- BRAZIL - RIO...

Diaconia - Vídeo 3 - Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha.

Diaconia, qualidade de vida e compromissos. vídeo 4 - Rev. Nelson Célio ...

A temática da DIACONIA. Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha.

A fonte da vida, da cura e da frutificação - Ezequiel 47.1-12. Rev. Nels...

A IGREJA QUE DESEJAMOS - REV. NELSON CÉLIO DE MESQUITA ROCHA.

A DIREÇÃO CERTA. TEXTO BIBLICO JOÃO 6.66-71. REV. NELSON CÉLIO DE MESQUI...

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

A dimensão profética da Diaconia

 A dimensão profética da Diaconia


“... E contando com a simpatia de todo o povo.” (Atos 2.47)

O fundamento da missão diaconal da Igreja é Jesus Cristo tem como objetivo afirmar que Jesus não somente anunciou a boa nova do Reino, mas a concretizou em sua vida, em suas palavras e gestos.
Ao mesmo tempo em que Jesus anunciava o Reino, já o antecipava de forma concreta na história, começando pelos mais desamparados (Lucas 7.22).
Analogamente, a Igreja tem a tarefa de prolongar a esperança proclamada por Jesus, ao mesmo tempo em que realiza “em gestos de libertação da opressão, de solidariedade para com os fracos, e de reativação de todas as energias de bondade e superação do egoísmo”.

1. A voz que se perpetua na estrutura sócio-político-religiosa

Como pessoas pertencentes à sociedade, ninguém pode viver isolado de outros. Fazemos parte de muitas redes sociais, desde a infância e a vizinhança até realidades mais amplas, como a sociedade brasileira.
Cremos que Deus nos criou como cidadãos participantes e co-responsáveis pelo bem de todos. A fé cristã não rejeita a sociedade como um espaço marcado pelo pecado; ao contrário, vê nela uma oportunidade para formar relações boas e justas entre as pessoas.
A Sociologia é a ciência que estuda o convívio e as instituições sociais, confirma que a sociedade é constituída por pessoas, por seus valores e sonhos. Às vezes, são mais marcantes os ideais que promovem a dignidade humana; outras vezes, destacam-se os interesses particulares e o egoísmo na construção da sociedade.
As questões sociais mais prementes são: saúde, moradia, alimentação, emprego, dinheiro. Todos estes determinam o lugar de cada pessoa na sociedade, e qualquer mudança que leve em consideração a libertação implica transformações destas condições.
Junto à caminhada em favor de uma melhor sociedade, acha-se a Igreja. A Igreja tem muito para colaborar com a sociedade, através de sua diaconia. As questões sociais são desafios para a Igreja de Jesus Cristo. O que concretiza a ação diaconal é que sempre deve partir do amor, amor que inclui, que acolhe e que busca comunidade – Koinonia.
A comunhão é outro sinal visível que a diaconia traz embutida no momento da atuação. A Igreja não quer substituir a sociedade, mas, ao contrário, ela quer colaborar na sociedade e com a sociedade. A Igreja faz parte do contexto maior que é a sociedade e, em conjunto, quer trabalhar para o bem comum.
A diaconia está a serviço da vida e quer aliados para levar a tarefa adiante. Levar a tarefa adiante através de uma ação profética de uma palavra sempre consciente, doutrinária e objetiva em favor da vida.
A sociologia diaconal olha para fora da Igreja, vê os necessitados, coloca-se ao lado e colabora para a formação da comunidade. Esse olhar tem a ver com a reflexão sobre a situação das pessoas, como a realidade e com o diálogo com outros saberes.
O diálogo interdisciplinar é necessário. O diálogo interdisciplinar e o conhecimento adquirido são aliados para conhecer melhor a realidade e as pessoas para, a partir delas, construir em conjunto uma comunidade que ensaia a vivência da graça, que busca concretizar o evangelho através da luta por mais justiça, pela busca por cidadania e direitos iguais para todas as pessoas.

2. A força da proclamação que alcança a todos sem distinção

Em 1 Coríntios 13.13, o apóstolo Paulo afirma com muita precisão:

“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor: porém destes três, o maior é o amor”.

Em todas as sociedades e grupos existem valores. Esses valores têm uma função muito importante, pois fundamentam a compreensão do que é certo, bom e importante a fazer. Assim é também para os cristãos:

Amor, serviço, ajuda solidária e esperança são alguns valores que marcam o nosso entendimento do que é vida cristã.

A estrutura social privilegia o individualismo, as relações de interesse, a ascensão social e o cotidiano. Adia sempre, os sonhos do indivíduo. Há todo o tipo de competitividade e busca por poder, que vem marcado por preconceitos, autoritarismo e luta dogmática. Nem sempre esses elementos aparecem de uma forma clara. Normalmente vêm mascarados, sem jamais dar espaço para o questionamento. Também no mundo eclesiástico estes valores têm lugar – às vezes acontece uma distância entre o discurso e a prática.
A força da proclamação que alcança a todos é o amor. O amor não tem cor, nem idade, classe social ou econômica. Amar é colocar-se ao lado, ajudar onde houver necessidade, não deixar o preconceito tomar conta, integrar a pessoa na comunidade. O amor não é fardo, não usa máscara, não é somente uma boa ação. Este verbo AMAR vai muito mais além do que boas ações. Amar tem a ver com Cristo, com seus ensinamentos.
O Evangelho nos ensina que devemos amar – amar a Deus e ao próximo. Amar é mandamento divino (Mateus 5.43-48). O amor é a substância profética que marca a vida eclesial, a Igreja, como corpo de Cristo, como Povo de Deus.
Essa força que alcança a todos é mais bela forma de marcar a vida cristã, pois como se expressa João em sua Primeira Epístola 3.14: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos...” Aquele que ama não assassina, não encolhe a mão, não fecha o coração, não ama somente de palavra (1 João 3.14-18).
O Espírito de Deus capacita para o exercício do amor. Todas as pessoas podem servir. Neste caminho não há receitas. É preciso arriscar – é uma aventura de fé.

3. A ação libertadora com dimensão holística

A compreensão holística do ser humano tem por natureza concebê-lo em sua totalidade:
corpo e espírito, indivíduo e sociedade, pessoa e cosmos, tempo e eternidade. É nessa totalidade que o ser humano é alcançado pelo evento salvífico da morte e ressurreição de Jesus Cristo e lhe é dado acesso à verdadeira plenitude humana. Cristo assume a existência humana em todas as dimensões.
Essa declaração é importante por fazer frente à dicotomia entre corpo e espírito, abrindo, assim, caminho para o comprometimento integral da Igreja também com as necessidades corporais das pessoas.
A compreensão da salvação concebe–a como sendo a comunhão do ser humano com Deus e dos seres humanos entre si. Por isso, a salvação é também uma realidade intra-histórica. Ao alcançar concretamente as relações humanas neste mundo, a mensagem da salvação orienta, transforma e leva a história à sua plenitude.
Uma postura cristã com esse perfil pode apresentar uma cosmovisão de um mundo otimista, contra um enfoque pessimista que favorece uma atitude de fuga diante dos problemas sócio-políticos. Numa concepção positiva, as preocupações em torno da injustiça social são vistas como desafio para a fé; tenta-se conciliar a fé e o mundo e facilitar uma atitude de compromisso em relação à luta pela libertação de estruturas opressoras que impedem o ser humano de viver com dignidade.
Diante de uma postura que incida em ação sempre libertadora, alcançando o ser humano de modo integral, faz que a Igreja se compreenda e se desenvolva como sua voz e postura profética na sociedade, tendo a legítima compreensão da encarnação. A Palavra de Deus não é uma palavra que fala sobre Deus e sobre o ser humano, unicamente, mas que esta se faz carne. A Palavra de Deus chega a nós através da história humana. Deus revela o mistério da sua pessoa na história. Por isso, a história humana é o lugar do nosso encontro com Deus, através de Cristo.
A compreensão da caridade – a partir de Mateus 25.31-46 – faz-se destacar três aspectos:

1. A comunhão e a fraternidade como sentido último da
existência humana;
2. A insistência em um amor que se dá em gestos concretos,
acentuando a primazia do “fazer” sobre o simples “saber”;
3. A revelação da necessária mediação humana para chegar ao
Senhor.

• A Igreja de Jesus Cristo tem uma grande responsabilidade: cuidar do mundo, pois é o seu espaço de atuação missionária.
• E, com gestos de caridade, de amor, pode criar nova possibilidade do ser humano conhecer o plano de redenção que está em Jesus Cristo, a Palavra que se fez carne e habitou entre nós.
• A ação libertadora que está em Cristo, pregada pela Igreja, alcança o ser humano de modo integral. Assim, todo dicotomismo cai por terra.

Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha

quarta-feira, 27 de julho de 2022

DEUS VEM À ALMA

 PARA PENSAR HOJE:


"Os seres humanos não são convidados a suspirar por um reino espiritual de formas e satisfações perfeitas. Não se convidam os homens para que a si se ergam, por um supremo ato da vontade, do seu rastejar mundano, para voos para o alto, nas asas de águia, aos <<lugares celestiais>>, onde Deus mora e está pronto a recebê-los. Não; Deus vem à alma, agora, como veio ao mundo em Jesus Cristo. Ele ama apaixonadamente os homens em todos os seus desvios e modos pouco amáveis. O seu amor os segue, cerca-os em todos os escuros recessos da sua perdição e da sua alienação." (MACKAY, John A. A ordem de Deus e a desordem do homem, p 85).

John A. Mackay.



terça-feira, 26 de julho de 2022

A Diaconia e sua busca de identidade entre a teoria e a prática

 A Diaconia e sua busca de identidade entre a teoria e a prática


A Diaconia como disciplina de curso na Universidade é uma disciplina emergente.[1] Ela está deixando de ser secundária para ser primária na grade teológica. Mas, ainda falta muito, diante da baixa intensidade de pesquisa e de publicações.

A ciência teológica tem um grande desafio pela frente, diante da situação em que a Igreja está inserida. Uma situação que pesa mais é o discurso sem a prática. Diante da necessidade de combinar o binômio PREGAÇÃO-PRÁXIS, significa que a pregação tem de andar lado a lado com a prática e a prática com a pregação. Segundo o ensino bíblico-teológico-doutrinário não pode haver vida cristã abstrata.

Perguntas fundamentais para reflexão:

1. Por que buscar identidade entre a teoria e a prática?

2. O que significa ter uma identidade?

3. Para que uma identidade?

4. Qual a base para uma identidade?

1. O porquê da busca de uma identidade se dá em função do exercício da missão cristã, quando esta anuncia a Palavra de Deus de modo integral, abrangente e concreto. Esta é uma preocupação legitimamente bíblica: cuidar do órfão, da viúva, do pobre e do estrangeiro; enfim, do próximo (Cf. Lv 19; 25.35-55; Mt 5, 6 e 7; Lc 10.25-37; 1 Jo 4.7-21...).

2. A identidade é aquilo que identifica a comunidade. É a personalidade visual da comunidade ou do grupo, ou ainda da pessoa, resultante do efeito interativo das características comuns de suas imagens visuais. Ter um a identidade é poder se conectar com todos os campos da existência humana. No livro dos Atos dos Apóstolos é observado que a Igreja Primitiva possuía uma identidade forte diante da sociedade civil (cf. At 2.42-47; 4.32-35).

3. O sentido legítimo de uma identidade é para poder se desenvolver; e se desenvolver com substância e alcance do objetivo para o qual algo foi criado. A diaconia, por exemplo, desenvolvida pela Igreja, mostrará a sua verdadeira face, uma vez que ela foi estabelecida pelo Senhor para ser o sal da terra e a luz do mundo.

4. O fundamento para a identidade legítima da Igreja em sua práxis diaconal é toda a vida de Jesus Cristo. Jesus é o Deus que se humanizou. Isso quer dizer que ele se tornou como um de nós seres humanos (Fp 2.5-11). Ele deu a sua vida pelas pessoas; ele não se olvidou enquanto Deus Missionário e apaixonado, de sua criação. Assim, a Igreja que é o seu corpo na terra tem uma missão relevante.

A identificação[2] é o processo pelo qual o indivíduo se liga a outra pessoa, ou a um grupo de pessoas ou a objetos. O indivíduo se assemelha a alguém, no pensamento ou no comportamento, através da integração de uma imagem em seu próprio eu.

Os membros do Corpo de Cristo têm uma identificação com o próprio Cristo que é seu fundamento. Essa identificação tem a ver com o novo ser formado do mais íntimo da ação misericordiosa do Senhor (2 Co 5.17). Por isso não pode escapar de ser aquilo que deve ser, segundo o que foi operado de novo.

Uma identidade que necessita ser qualificada pela teoria e pela prática

Na sociedade em que vivemos há uma cultura que despreza o trabalho manual em benefício das tarefas intelectuais e religiosas.[3] Com a modernidade veio a secularização, que teima em persistir na exaltação do “espiritual” e no profundo desprezo pelo “material”. Esta postura é antibíblica.

O dualismo “espiritual” e “material”, “sagrado” e “profano” entrou na vida dos evangélicos brasileiros através de uma espiritualidade dicotomizada que, embora seja aceita como evangélica, é verdadeiramente grega e medieval. E, isto provoca constantes desvios no modo de crer e de viver a mensagem cristã.

Este dualismo enfatiza ao extremo o “espiritual”, esvaziando e empobrecendo em demasia a missão integral da Igreja, reduzindo-a à tarefa evangelizadora. O corpo humano, corpo material, é colocado apenas como muleta do espírito e, às vezes, muleta descartável.[4]

Diante do exposto, é necessário resgatar o verdadeiro sentido da antropologia bíblica, que de nenhum modo ensina o conceito de que o corpo é um impedimento inútil e um estorvo para o desenvolvimento pleno da alma, que por isso deve eliminar-se na primeira oportunidade. É importante observar que a antropologia bíblica jamais induz a desdenhar ou a maltratar o corpo. No trono do juízo, por exemplo, todos serão recompensados pelas ações feitas no corpo. Neste caso o corpo provê os meios pelos quais podem expressar-se os valores morais e espirituais inerentes à alma.

O sentido da Diaconia buscar a sua identidade entre a teoria e a prática, mostra que a vida cristã deve fundar-se nessa antropologia bíblica que concebe a vida humana integral e não dividida entre o “material” e o “espiritual”. Isto é fundamental tanto para o gozo e exercício da salvação quanto para a vida depois da morte.

Compromissos

É tempo de haverem visões amplas, radicais e profundas. É chegado o tempo de ser vivenciada uma espiritualidade incessante e transparente cuja consequência inevitável sejam compromissos vitais com o senhorio de Cristo e, ao mesmo tempo, com as necessidades humanas em todos os níveis.[5]

1. Compromisso de uma vida integral – Vida integral é aquela vida vivida inteiramente sob o senhorio de Jesus Cristo, na totalidade de suas dimensões: sejam as da interioridade ou corporalidade; da vida afetiva ou intelectiva; da vontade ou do estilo de vida; dos valores ou das motivações mais profundas; da vida familiar ou da vida profissional.

2. Compromisso de um ministério integral – Enfatiza-se a necessidade de um ministério nascido e colocado integralmente a serviço do Senhor da Igreja. O enfoque não se refere apenas à questão do tempo parcial ou integral. Mas, já demonstra as prioridades na vida de um cristão ou de uma cristã. Assim, uma comunidade cristã caminha na direção de uma existência terapêutica, lugar de conforto, de consolo, de cura, de repouso, de reflexão, de tomada de decisões, de sonhos e de utopias; lugar de acolhe-recolhe e, depois, devolve para a vida com inspiração e esperança de um novo recomeçar.

3. Compromisso com um mundo integral – A proposta de uma busca de identidade entre a teoria e a prática tem o objetivo de haver um envolvimento com a massa da sociedade e uma aproximação dos desprezados, explorados e desumanizados. É tempo de realizar um ministério integral e humanizador, de diminuir as distâncias, de destruir as barreiras, de humanizar a dor, de curar os sofrimentos, de recuperar a crença em Deus Pai e nas pessoas de boa vontade. É preciso assumir que essa missão integral tem caráter universal.

Motivações para a Diaconia

Uma leitura atenta do Evangelho mostra que Deus não está interessado somente no que fazemos, mas especialmente no porquê o fazemos. Isto quer dizer que a motivação é tão importante ou mais importante do que a ação.[6]

Ø Motivações erradas: o sentimento de culpa; a competição com outras igrejas; o empreguismo; o ativismo impensado; o modismo; a utilização da ação social como simples isca evangelística; a manipulação política; a ocupação de espaços ociosos ...

Ø Motivações corretas: a imitação do Cristo encarnado; a determinação de servir a Cristo através da diaconia; a identificação com as pessoas; o ato de servir a Deus juntos aos necessitados.

Para reflexão: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.5-7).

Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha
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[1] Cf. NETO, Rodolfo Gaede. A Diaconia de Jesus: uma contribuição para a fundamentação teológica da diaconia na América Latina. São Leopoldo: Sinodal: Centro de Estudos Bíblicos; São Paulo: Paulus Editora, pp. 13 ss.

[2] LIMA, Leonardo Pereira. Dicionário de Psicologia Prática, Vol. II. São Paulo: Honor Editorial, 1970, pp. 293-294.

[3] FIGUEIRÊDO, Adiel Tito de. Diaconia ou Promoção Humana. São Paulo: Pendão Real, 1997, p. 47.

[4] Cf. Ibid.

[5] FIGUEIRÊDO, Adiel Tito de. Diaconia ou Promoção Humana, p. 53 ss.

[6] Ibid., p. 55 ss.

A dimensão profética da Diaconia

 A dimensão profética da Diaconia


“... E contando com a simpatia de todo o povo.” (At 2.47)

O fundamento da missão diaconal da Igreja é Jesus Cristo. Jesus não somente anunciou a boa nova do Reino, mas a concretizou em sua vida, em suas palavras e gestos.
Ao mesmo tempo em que Jesus anunciava o Reino, já o antecipava de forma concreta na história, começando pelos mais desamparados (Lucas 7.22).

Analogamente, a Igreja tem a tarefa de prolongar a esperança proclamada por Jesus, ao mesmo tempo em que realiza “em gestos de libertação da opressão, de solidariedade para com os fracos, e de reativação de todas as energias de bondade e superação do egoísmo”.

1. A voz que se perpetua na estrutura sócio-político-religiosa

Como pessoas pertencentes à sociedade, ninguém pode viver isolado de outros. Fazemos parte de muitas redes sociais, desde a infância e a vizinhança até realidades mais amplas, como a sociedade brasileira.
Cremos que Deus nos criou como cidadãos participantes e corresponsáveis pelo bem de todos. A fé cristã não rejeita a sociedade como um espaço marcado pelo pecado; ao contrário, vê nela uma oportunidade para formar relações boas e justas entre as pessoas.
A Sociologia é a ciência que estuda o convívio e as instituições sociais, confirma que a sociedade é constituída por pessoas, por seus valores e sonhos. Às vezes, são mais marcantes os ideais que promovem a dignidade humana; outras vezes, destacam-se os interesses particulares e o egoísmo na construção da sociedade.
As questões sociais mais prementes são: saúde, moradia, alimentação, emprego, dinheiro. Todos estes determinam o lugar de cada pessoa na sociedade, e qualquer mudança que leve em consideração a libertação implica transformações destas condições.
Junto à caminhada em favor de uma melhor sociedade, acha-se a Igreja. A Igreja tem muito para colaborar com a sociedade, através de sua diaconia. As questões sociais são desafios para a Igreja de Jesus Cristo. O que concretiza a ação diaconal é que sempre deve partir do amor, amor que inclui, que acolhe e que busca comunidade – Koinonia.
A comunhão é outro sinal visível que a diaconia traz embutida no momento da atuação. A Igreja não quer substituir a sociedade, mas, ao contrário, ela quer colaborar na sociedade e com a sociedade. A Igreja faz parte do contexto maior que é a sociedade e, em conjunto, quer trabalhar para o bem comum.
A diaconia está a serviço da vida e quer aliados para levar a tarefa adiante. Levar a tarefa adiante através de uma ação profética de uma palavra sempre consciente, doutrinária e objetiva em favor da vida.
A sociologia diaconal olha para fora da Igreja, vê os necessitados, coloca-se ao lado e colabora para a formação da comunidade. Esse olhar tem a ver com a reflexão sobre a situação das pessoas, como a realidade e com o diálogo com outros saberes.
O diálogo interdisciplinar é necessário. O diálogo interdisciplinar e o conhecimento adquirido são aliados para conhecer melhor a realidade e as pessoas para, a partir delas, construir em conjunto uma comunidade que ensaia a vivência da graça, que busca concretizar o evangelho através da luta por mais justiça, pela busca por cidadania e direitos iguais para todas as pessoas.

2. A força da proclamação que alcança a todos sem distinção

Em 1 Coríntios 13.13, o apóstolo Paulo afirma com muita precisão:

“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor: porém destes três, o maior é o amor”.

Em todas as sociedades e grupos existem valores. Esses valores têm uma função muito importante, pois fundamentam a compreensão do que é certo, bom e importante a fazer. Assim é também para os cristãos:

Amor, serviço, ajuda solidária e esperança são alguns valores que marcam o nosso entendimento do que é vida cristã.

A estrutura social privilegia o individualismo, as relações de interesse, a ascensão social e o cotidiano. Adia sempre, os sonhos do indivíduo. Há todo o tipo de competitividade e busca por poder, que vem marcado por preconceitos, autoritarismo e luta dogmática. Nem sempre esses elementos aparecem de uma forma clara. Normalmente vêm mascarados, sem jamais dar espaço para o questionamento. Também no mundo eclesiástico estes valores têm lugar – às vezes acontece uma distância entre o discurso e a prática.
A força da proclamação que alcança a todos é o amor. O amor não tem cor, nem idade, classe social ou econômica. Amar é colocar-se ao lado, ajudar onde houver necessidade, não deixar o preconceito tomar conta, integrar a pessoa na comunidade. O amor não é fardo, não usa máscara, não é somente uma boa ação. Este verbo AMAR vai muito mais além do que boas ações. Amar tem a ver com Cristo, com seus ensinamentos.
O Evangelho nos ensina que devemos amar – amar a Deus e ao próximo. Amar é mandamento divino (Mateus 5.43-48). O amor é a substância profética que marca a vida eclesial, a Igreja, como corpo de Cristo, como Povo de Deus.
Essa força que alcança a todos é mais bela forma de marcar a vida cristã, pois como se expressa João em sua Primeira Epístola 3.14:

“Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos...” Aquele que ama não assassina, não encolhe a mão, não fecha o coração, não ama somente de palavra (1 Jo 3.14-18).

O Espírito de Deus capacita para o exercício do amor. Todas as pessoas podem servir. Neste caminho não há receitas. É preciso arriscar – é uma aventura de fé.

3. A ação libertadora com dimensão holística

A compreensão holística do ser humano tem por natureza concebê-lo em sua totalidade:
corpo e espírito, indivíduo e sociedade, pessoa e cosmos, tempo e eternidade. É nessa totalidade que o ser humano é alcançado pelo evento salvífico da morte e ressurreição de Jesus Cristo e lhe é dado acesso à verdadeira plenitude humana. Cristo assume a existência humana em todas as dimensões.
Essa declaração é importante por fazer frente à dicotomia entre corpo e espírito, abrindo, assim, caminho para o comprometimento integral da Igreja também com as necessidades corporais das pessoas.
A compreensão da salvação concebe–a como sendo a comunhão do ser humano com Deus e dos seres humanos entre si. Por isso, a salvação é também uma realidade intra-histórica. Ao alcançar concretamente as relações humanas neste mundo, a mensagem da salvação orienta, transforma e leva a história à sua plenitude.
Uma postura cristã com esse perfil pode apresentar uma cosmovisão de um mundo otimista, contra um enfoque pessimista que favorece uma atitude de fuga diante dos problemas sócio-políticos. Numa concepção positiva, as preocupações em torno da injustiça social são vistas como desafio para a fé; tenta-se conciliar a fé e o mundo e facilitar uma atitude de compromisso em relação à luta pela libertação de estruturas opressoras que impedem o ser humano de viver com dignidade.
Diante de uma postura que incida em ação sempre libertadora, alcançando o ser humano de modo integral, faz que a Igreja se compreenda e se desenvolva como sua voz e postura profética na sociedade, tendo a legítima compreensão da encarnação. A Palavra de Deus não é uma palavra que fala sobre Deus e sobre o ser humano, unicamente, mas que esta se faz carne. A Palavra de Deus chega a nós através da história humana. Deus revela o mistério da sua pessoa na história. Por isso, a história humana é o lugar do nosso encontro com Deus, através de Cristo.

A compreensão da caridade – a partir de Mateus 25.31-46 – faz-se destacar três aspectos:

1. A comunhão e a fraternidade como sentido último da existência humana;
2. A insistência em um amor que se dá em gestos concretos, acentuando a primazia do “fazer” sobre o        simples “saber”;
3. A revelação da necessária mediação humana para chegar ao Senhor.

  • A Igreja de Jesus Cristo tem uma grande responsabilidade: cuidar do mundo, pois é o seu espaço de atuação missionária.
  • E, com gestos de caridade, de amor, pode criar nova possibilidade do ser humano conhecer o plano de redenção que está em
  • Jesus Cristo, a Palavra que se fez carne e habitou entre nós.
  • A ação libertadora que está em Cristo, pregada pela Igreja, alcança o ser humano de modo integral. Assim, todo dicotomismo cai por terra.
Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha

sábado, 23 de julho de 2022

A BÍBLIA - LIVRO PRECIOSO

 A BÍBLIA - LIVRO PRECIOSO 

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Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha

I

Há muitos livros escritos no mundo,
Escritos e publicados  para divertir e para ensinar;
Como a Bíblia não existe,
Que na alma pode penetrar.

II

A Bíblia é Livro tão precioso,
Fala da Graça de Deus;
Do seu amor pelos homens;
E do perdão dos pecados seus.

III

É Livro tão combatido,
Por pessoas sem temor;
Que não conhecem a Jesus,
Como Senhor e Salvador.

IV

Quanto mais é combatido,
Propaga-se mais o seu ensino;
Todos podem aprender a sua mensagem,
Do maior ao pequenino.

V

Contém 66 Livros
39 no Antigo e 27 no Novo, Testamentos;
Escritos inspirados por Deus,
Em todos os seus momentos.

VI

O Antigo Testamento,
Fala de Deus e Sua Criação;
Do Seu Povo e Sua História,
E da promessa de redenção.

VII

Quanto ao Novo Testamento,
Fala da vinda do Messias,
Sua vida, morte e sua poderosa ressurreição;
Da História da Igreja e também das Profecias.

VIII

Duas línguas marcaram os escritos,
O Antigo Testamento foi o hebraico;
Um pouco também de um dialeto,
Conhecido como Aramaico.

XIX

A outra língua foi o grego,
Muito rica e universal;
Sendo composto o Novo Testamento,
Conhecido como tal.

X

Preciosa é a Bíblia Sagrada,
Não deixe de de estudar
Pois ensina toda vida,
A Deus e ao próximo amar.