domingo, 7 de maio de 2023

A CRENÇA DA IGREJA NO ESPÍRITO SANTO

A CRENÇA DA IGREJA NO ESPÍRITO SANTO      

É certo que a piedade real não precisa de justificativa teológica, mas neste mundo tão pluralista, é fundamental refletir sobre a imagem de Deus, que trazemos conosco, que não é apenas uma projeção de imagens inventadas pelo homem. Há quem afirme que a imagem de Deus que se tem, deve-se à maneira como  nossos pais se relacionaram conosco. Mas, o que existe de fato, é que Deus se revelou  a nós, na carne. Assim, o mais profundo do nosso ser é tocado.

A doutrina do Espírito Santo mobiliza o homem a crer em Deus, pelos méritos de Jesus Cristo. Infelizmente, a realidade do Espírito Santo de Deus tem sido, muitas vezes, reduzida a experiências entusiásticas, um tipo de comportamento moral, um depósito de “verdade” bíblica inspirada, uma tradição de autoridade sacerdotal ou prática sacramental, o molde de convicções formais, ou o poder dos movimentos sociais da história.

Deve-se tratar da doutrina do Espírito Santo como matéria de confissão. Da confissão de fé da Igreja no Deus que se revelou, e continua a se revelar em Jesus Cristo (João 15.26-27 e 1 João 4).

Essa confissão de fé não pode se limitar apenas a profissões de fé meramente verbais. Não se limita a resoluções ou atos devocionais. Tal confissão implica em testemunhar o amor de Deus. Significa a libertação, pelo Espírito, de uma piedade isolada e legalística; a libertação de todas as amarras do espírito humano, quer sejam religiosas ou seculares.

Crer no Espírito Santo significa entrar para uma comunidade onde as pessoas realmente estão aprendendo a se interessar umas pelas outras e pelo mundo. É o povo de Cristo.

A crença no Espírito Santo não é uma abstração. O que a Igreja se acostumou a chamar de Espírito Santo, entretanto, não é pura abstração, não obstante nossa doutrina trinitária, algumas vezes, o faça semelhante a isto. Ele é a presença pessoal de Deus Santo, do Deus Santo que  é  o Espírito trazendo santidade.

O significado mais profundo desta confissão é que a fé cristã é realmente importante. Se o Espírito Santo não é o Espírito de Cristo, não há fé cristã, há apenas um conjunto de princípios gerais, uma história impressionante, ou uma ilusão nascida de fantasia doentia.

Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha


segunda-feira, 17 de abril de 2023

Carl Gustav Jung (1875-1961) ​

 


Carl Gustav Jung (1875-1961)


O psiquiatra suíço, fundador da escola da Psicologia Analítica disse a determinada altura:
"A minha vida foi singularmente pobre em acontecimentos exteriores. Sobre estes não posso dizer muito, pois se me afiguram ocos e desprovidos de consistência. Eu só me posso compreender à luz dos acontecimentos interiores. São estes que constituem a peculiaridade de minha vida e é deles que trata minha autobiografia."

Carl Gustav Jung foi um dos maiores estudiosos da vida interior do homem e tomou a si mesmo como matéria-prima de suas descobertas. As suas experiências e suas emoções estão descritas no livro "Memórias, Sonhos e Reflexões".

Filho de um pastor protestante, Carl Gustav Jung, ainda pequeno, mudou-se para a cidade da Basileia, na época, um dos maiores centros de cultura da Europa. Lá realizou seus primeiros estudos. Formou-se em medicina pela Universidade da Basileia no ano de 1900, iniciando a sua vida profissional no hospital psiquiátrico Burgholzi, em Zurique. Dois anos depois casou-se com Emma Rauschenbach, com quem viria a ter cinco filhos.

Em 1903 publicou sua primeira obra, "Psicologia e Patologia dos Fenómenos ditos Ocultos", fruto da sua tese de doutoramento. Publicou nos anos seguintes mais três trabalhos, relacionados com a descoberta dos complexos afectivos e das significações nos sintomas das psicoses. Em 1905 tornou-se docente na Universidade de Zurique.

Em 1907 Jung visitou Sigmund Freud, o criador da psicanálise, em Viena, iniciando uma estreita colaboração com o mestre, que se mostrou impressionado com o talento do jovem que viria a adoptar como o filho pródigo que daria continuidade ao seu trabalho. Os dois viajaram juntos aos Estados Unidos em 1909, proferindo palestras num centro de pesquisas. Em 1910 foi fundada a "Associação Psicanalítica Internacional", da qual Jung foi eleito presidente.

As primeiras divergências entre Jung e Freud surgiram em 1912 e logo se tornaram inconciliáveis. Depois do rompimento com Freud, o analista suíço vivenciou um período de introversão, que o levou numa jornada profunda determinante para o desenvolvimento de si mesmo e da sua psicologia.

Em 1917, Jung publicou seus estudos sobre o inconsciente colectivo no livro "A Psicologia do Inconsciente" e em 1920, apresentou os conceitos de introversão e extroversão na obra "Tipos Psicológicos". A partir daí, Jung construiu as bases da psicologia analítica, desenvolvendo a teoria dos arquétipos e incorporando conhecimentos das religiões orientais, da alquimia e da mitologia.
A sua produtiva carreira se materializou na publicação de dezenas de estudos, trabalhos, seminários e outras obras. Já octogenário, reuniu em livro as memórias de toda a sua vida. Carl Gustav Jung morreu aos 86 anos, reconhecido como um dos mais influentes pensadores do século XX.

segunda-feira, 20 de março de 2023

SOBRE A ÉTICA

 


SOBRE A ÉTICA


"Como qualquer um, mesmo o maior dos gênios é decididamente limitado em alguma esfera qualquer do conhecimento e revela assim seu parentesco com a essencialmente equivocada e absurda espécie humana; da mesma forma, cada um possui moralmente em si algo inteiramente ruim e mesmo o melhor e até mais nobre caráter nos surpreenderá ocasionalmente com traços particulares de malignidade, igualmente, para reconhecer seu parentesco com a espécie humana em que ocorre todo grau de indignidade, e mesmo de crueldade."|1|
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1| SCHOPENHAUER, Arthur. Sobre a Ética. Organização e tradução de Flamarion C. Ramos. São Paulo: HEDRA, 2012a.