JOÃO BATISTA COM SUA VESTIMENTA E ALIMENTAÇÃO EXÓTICAS
Prof. Nelson Célio de Mesquita Rocha (Pastor presbiteriano, membro do PNIL - Presbitério de Nilópolis - RJ)
“E João usava uma veste de pelos de camelo e um cinto de couro; e o seu alimento eram gafanhotos e mel silvestre” (Mateus 3:4).
No Evangelho segundo Mateus, no texto citado acima, trata de uma personagem bastante conhecida na literatura neotestamentária. Seu nome é João Batista, precursor de Jesus Cristo. Ele usava vestes rudimentares e tinha uma dieta simples, composta principalmente por gafanhotos e mel silvestre. Suas vestes eram feitas de peles de camelo, uma prática comum entre os nômades da época, e seu cinto de couro era usado para segurar a roupa e prevenir o desabamento durante a sua missão profética. A sua dieta simples refletia sua vida de arrependimento e preparação para a chegada do Messias. Também o seu modo de falar incomodava, principalmente os políticos e a liderança religiosa de seu tempo, porque ele falava a verdade, o que custou a sua própria vida.
Atentando-se para a temática proposta, sobre João Batista e sua vestimenta, bem como a sua alimentação, pode parecer até sem sentido escrever sobre isso, no entanto apresenta uma mensagem que precisamos refletir. Até porque não foi registrado por Mateus por acaso. Tem um propósito, e para entendê-lo, faz-se necessário observar os pontos a seguir.
1. A SIMPLICIDADE QUE DESAFIA A CULTURA DO EXCESSO
A aparência de João Batista era um choque para seu tempo. Enquanto muitos líderes religiosos buscavam destaque, luxo, prestígio e visibilidade, João escolheu o caminho da simplicidade radical. Sua vestimenta de pelos de camelo não transmitia status. Seu cinto de couro era funcional, não decorativo.
João nos lembra que o valor do mensageiro está na mensagem, não na aparência. Num mundo profundamente marcado pela ostentação e pela construção de imagens, João proclama que a simplicidade é uma forma de profecia e a renúncia ao supérfluo é um grito contra uma sociedade consumista.
2. A ALIMENTAÇÃO QUE DENUNCIA A DEPENDÊNCIA DESTE MUNDO
Gafanhotos e mel silvestre: uma dieta improvável, exótica, até desconfortável. João não se alimentava dos banquetes de Herodes. Não buscava a mesa dos fariseus, nem o conforto dos ricos da Judeia.
Sua alimentação revelava: dependência total de Deus; resistência às estruturas do conforto; quebra de vínculos com os sistemas de poder; e, liberdade interior para cumprir sua missão.
A comida de João dava um recado para quem anuncia o Reino e não vive movido pelo paladar do mundo. Também, quem prepara o caminho do Senhor não negocia sua fidelidade por conforto.
3. UM ESTILO DE VIDA QUE PREPARA O CAMINHO DE UMA EXISTÊNCIA VERDADEIRA
A vestimenta e alimentação de João não eram apenas detalhes biográficos. Eram parte do sermão, parte da mensagem, parte do impacto. João vestia o que pregava, comia do que pregava e sua vida era coerente com sua missão.
Para Deus levantar uma voz que clama no deserto, João não procurava elegância, status, títulos e aplausos. Mas, ele procurava: integridade, coragem, coerência e abnegação.
João nos chama a uma vida onde o exterior confirma o interior, o estilo de vida confirma a fé e as escolhas diárias anunciam a mensagem que pregamos.
A vestimenta e a alimentação exóticas de João são um convite para todos nós. O que precisamos fazer de modo urgente? Rever prioridades, renunciar à vaidade excessiva. viver com propósito e ser profetas num mundo de distrações.
João preparou o caminho para Jesus Cristo. E quanto a nós? Nós também somos chamados a preparar caminhos com simplicidade, renúncia, vida coerente e com compromisso inabalável com o Reino de Deus.