domingo, 14 de dezembro de 2025

UM CÂNTICO DE VITÓRIA QUE ECOA NA HISTÓRIA

UM CÂNTICO DE VITÓRIA QUE ECOA NA HISTÓRIA

Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha


No Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1:46–56, consta o relato do Cântico de Maria (Magnificat), a mãe de Jesus. É conhecido por todos os cristãos e não-cristãos do mundo todo, e tem perpassado as gerações. Esse cântico é uma oração que apresenta uma mensagem de vitória.

O cântico entoado por Maria não é apenas uma expressão pessoal de alegria espiritual, mas uma proclamação profética que atravessa séculos, culturas e sistemas. É um hino que nasce no silêncio da humildade, mas ecoa como um brado de vitória na história da redenção. É o louvor de alguém aparentemente pequeno aos olhos do mundo, mas profundamente consciente da grandeza do Deus que age na história.

Alguns destaques principais que demonstram o que Deus fez e pode fazer na vida humana, segundo o rico conteúdo desse cântico, podem ser percebidos.

1. A vitória começa na alma que reconhece a grandeza de Deus

“A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lucas 1:46–47).

A vitória celebrada por Maria não começa em circunstâncias externas, mas no interior da alma. Antes de qualquer mudança visível no mundo, há uma transformação espiritual: Deus é engrandecido no íntimo humano. Maria não engrandece a si mesma, nem a experiência extraordinária que vive, mas ao Senhor. Aqui está um princípio eterno: a verdadeira vitória nasce quando Deus ocupa o centro da consciência humana. Onde Deus é engrandecido, o medo perde força e a esperança ganha voz.

2. Deus reverte a lógica do poder humano

“Derrubou dos seus tronos os poderosos e exaltou os humildes” (Lucas 1:52).

O cântico de Maria é profundamente subversivo. Ele anuncia um Deus que não legitima estruturas opressoras, mas intervém nelas. A vitória cantada não é militar, política ou imperial, mas moral, espiritual e histórica.

Deus age invertendo valores: o orgulho é abatido, a humildade é exaltada; a autossuficiência é esvaziada, a dependência é honrada. Esse cântico ecoa como um julgamento contra toda forma de arrogância e como consolo aos que foram esmagados pela injustiça.

3. A vitória de Deus alcança os famintos e os esquecidos

“Aos famintos encheu de bens, e aos ricos despediu vazios” (Lucas 1:53).

Maria proclama um Deus que vê os invisíveis e escuta os silenciosos. O cântico não é romântico; é profundamente realista. Ele denuncia uma ordem social onde muitos têm demais e outros nada têm.

A vitória divina se manifesta como restauração da dignidade humana. Deus não apenas salva almas de forma abstrata; Ele toca a história concreta, os estômagos vazios, as esperanças frustradas e os corações cansados.

4. Um cântico que se fundamenta na fidelidade histórica de Deus

“Amparou a Israel, seu servo, a fim de lembrar-se da sua misericórdia” (Lucas 1:54).

Maria canta porque conhece a história. Seu louvor nasce da memória da fidelidade divina. O Deus que age agora é o mesmo que prometeu a Abraão. Sendo assim, esse cântico ecoa porque está enraizado na aliança. A vitória celebrada não é improvisada; ela é o cumprimento de uma promessa antiga. O que Deus diz, Ele realiza — mesmo que o tempo pareça longo e o silêncio pareça profundo.

Por fim, eis um cântico que ainda ressoa hoje. O Magnificat não pertence apenas ao passado. Ele continua ecoando sempre que alguém, em meio à simplicidade, confia na soberania de Deus. Ecoa quando os humildes são levantados, quando a injustiça é confrontada, quando a esperança insiste em sobreviver. Cantar esse cântico hoje é assumir uma postura: reconhecer que a história não está à mercê do caos, mas sob a direção de um Deus justo, misericordioso e fiel.
É um cântico de vitória porque proclama que Deus já entrou na história — e quando Deus entra, a vitória é certa.

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

UM PEDIDO POR JULGAMENTO CORRETO E IMPARCIAL

UM PEDIDO POR JULGAMENTO CORRETO E IMPARCIAL

Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha


Concede ao rei, ó Deus, os teus juízos, e a tua justiça ao filho do rei. Julgue ele o teu povo com justiça, e os teus aflitos com equidade" (Salmo 72:1-2.

O Salmo 72 é uma oração régia, um pedido para que o governante humano seja revestido da justiça divina. Não é apenas sobre política ou liderança nacional, mas sobre qualquer pessoa que exerça influência, autoridade ou responsabilidade. Fala de pais, professores, líderes espirituais, profissionais e até do simples cidadão que precisa julgar situações no cotidiano.

Alguns pontos são fundamentais para a compreensão desse pedido constante na oração do texto bíblico.

1. Um pedido pela Justiça que não nasce do coração humano, mas da mente de Deus

O salmista reconhece que o ser humano, por si só, não julga corretamente. Somos inclinados a favoritismos, emoções, aparências e parcialidades. Por isso ele clama: “Concede ao rei os teus juízos.”

A verdadeira justiça não é uma opinião pessoal, onde se tomam decisões monocráticas — é um reflexo do caráter santo de Deus. Julgar de forma correta e imparcial começa quando alinhamos nossas decisões com os princípios do Senhor.

2. A equidade como marca da liderança segundo Deus

O verso 2 do Salmo 72 destaca uma prioridade divina: “Julgue os aflitos com equidade.” Ou seja, Deus se importa especialmente com os vulneráveis, os esquecidos, os pequenos que não têm voz. A justiça bíblica não favorece poderosos; ela protege quem sofre. Assim, uma liderança justa não é autoritária, é sensível. Não é cega, é compassiva. Não é fria, é humana — porque é moldada pelo coração de Deus.

3. Julgar corretamente exige coragem moral

Ser imparcial muitas vezes custa caro. Vai contra interesses pessoais, confronta injustiças, resiste a pressões e rejeita manipulações. O julgamento correto é fruto de convicção, e não de conveniência. Quem deseja exercer justiça à maneira de Deus precisa aprender a dizer “não” ao que é torto e “sim” ao que é verdadeiro, mesmo quando isso gera desconforto.

4. Jesus é o modelo perfeito do julgamento justo

O Salmo 72 aponta, em última instância, para o reinado messiânico de Jesus. Ele julga com equidade, não segundo aparência, mas segundo a verdade (Isaías 11:3-4). Em Jesus entendemos que justiça e misericórdia não são contrárias — caminham lado a lado. Ele não condena injustamente, mas também não aprova o pecado. Seu julgamento é perfeito.

Um julgamento correto e imparcial não nasce da nossa natureza, mas da presença de Deus em nós. É fruto de um coração ensinado pelo Espírito Santo, guiado pela Palavra e moldado pelo exemplo de Jesus, o Senhor que veio, voltará e exercerá o seu juízo final. Ele não tarda.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

JESUS: O RENOVO PROMETIDO DA ESPERANÇA

JESUS: O RENOVO PROMETIDO DA ESPERANÇA

Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha

Texto bíblico: Isaias 11:1-10


Em que ou em quem as pessoas podem ter esperança? No messianismo político? Nas ideologias dos partidos políticos? Nos acordos de paz que os chefes de estados estabelecem? No dinheiro? Nas conquistas? Estas e outras interrogações poderiam ser elencadas aqui. Seria uma lista muito extensa.

Israel, na época de Jesus, sonhou com um messias guerreiro, político e libertador. O messias seria um reformador social, oferecendo terra, alimento e liberdade. Desta maneira, muitos sistemas e líderes políticos têm se levantado na história com seus projetos de esperança, mas enganaram, enganam e enganarão pessoas de todos os lugares do Planeta Terra. O pior é que são líderes carismáticos. Por isso enganam pessoas incautas com suas manipulações diversificadas.

Olhemos com atenção para a Palavra de Deus. “Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes um renovo” (Isaías 11:1). Esta é uma grande profecia cumprida na história da humanidade para a esperança dos povos. “Tronco de Jessé” – Jessé, pai de Davi, é comparado a uma árvore frondosa, que cresceu e deu muitos frutos. Basta ler as Escrituras e a história da humanidade.

O juízo que Israel sofreu por causa do seu afastamento de Deus, é como o tombar de uma árvore. Mas não um juízo final, pelo fato de ainda ficar o tronco para produzir um rebento. Assim, cumpre-se a aliança que Deus fez com Davi (Cf. Isaías 9:1-7; Miquéias 5:2-5).

A descrição do Rei ideal, da linhagem davídica, considera-se aplicável, segundo o Novo Testamento, a Jesus. “Rebento” – é um fruto delicado, fino, que começa a subir do tronco da árvore que foi derrubada. “Rebento” está relacionado com a encarnação de Jesus. Significa que o seu nascimento trouxe esperança. O Messias, ungido pelo Espírito Santo foi pleno de qualidades ímpares (v. 2). O seu proceder fiel e justo (vv. 3-5), proporcionou um novo tempo de paz e de esperança para todas as pessoas (vv. 6-7), e também a redenção em nível ecológico (vv. 6-9).

Jesus, sendo o renovo da esperança, segundo o texto do profeta messiânico, Isaias 11: 1-10, apresenta alguns aspectos para reflexão neste tempo, em que há muitas pessoas que estão perdendo a esperança de viverem com dignidade e que desistiram ou estão desistindo de suas vidas.

UMA PROMESSA FEITA COMO AÇÃO DO AMOR DE DEUS

O mundo necessitava de um Salvador cheio do amor verdadeiro. Em Gálatas 4:4, o apóstolo Paulo escreveu sobre a vinda de Jesus no tempo certo, na plenitude do tempo. Jesus nasceu, ou seja, o verdadeiro amor se revelou. Deus amou o mundo e continua exercendo o seu amor (João 3:16). Quem acolhe o amor de Deus revelado em Jesus, passa a ter a verdadeira vida.

UMA ESPERANÇA QUE PROPORCIONA A ALEGRIA COMO DOM DO ESPÍRITO SANTO

Da concepção ao nascimento de Jesus; da sua vida à morte de cruz; até a sua Ressureição, o Espírito Santo polarizou a sua existência, com poder e grande glória (Cf. Isaías 61:1-3). Tudo isso, para que as pessoas pudessem e possam viver com dignidade e tendo a vida para sempre.

UMA ESPERANÇA CONCRETIZADA QUE PROJETA O SER HUMANO PARA A VIDA COM VERDADEIRO SENTIDO

O SENHOR providenciou a solução para o ser humano em seu estado de miséria. O nascimento de Jesus marcou o início de um novo tempo. Um novo tempo de paz em meio às dificuldades existências. Paz de espírito, ainda que as limitações humanas impeçam o trajeto da existência.

O profeta Isaías profetizou: “Naquele dia recorrerão as nações à raiz de Jessé...” (Isaías 11:10). No evangelho segundo Mateus está registrado: “Ela dará à luz um Filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mateus 1:21).

O RENOVO brotou. A verdadeira vida brotou. A esperança de vida no aqui e agora é uma realidade, que se projeta para a eternidade. Essa vida é cheia do Espírito Santo; vida com verdadeiro sentido, mesmo que existam os reveses. É tempo de viver essa vida.

domingo, 7 de dezembro de 2025

IMPERATIVO CATEOGÓRICO DO EVANGELHO: MUDAI DE VIDA!

IMPERATIVO CATEOGÓRICO DO EVANGELHO:
MUDAI DE VIDA!

Prof. Nelson Célio de Mesquita Rocha


Texto Bíblico: Mateus 3:1-12

Ninguém pode pegar fôlego na ilusão de ter à mão uma garantia de salvação só porque pertence à Igreja; de participar dos sacramentos e também de todos os serviços e benefícios dela, sem ter uma genuína mudança de vida no cotidiano.
A exigência de uma contínua mudança de vida impõe-se também aos crentes, chamados a construir uma existência fecunda de frutos na antecipação do Reino (Mateus 7:16-20).

O apelo para se processar uma mudança de vida, a uma nova maneira de pensar, ecoa das entranhas do Evangelho, que no texto neotestamentário é proferido por João Batista. E a sua atividade profética teve profunda ressonância na sociedade (vv. 5,6). Isso significa que tem de haver uma volta para Deus.
O símbolo da mudança era o batismo com água, mas muito mais teria de ser o exercício da piedade, partindo do mais profundo do coração. O judaísmo conhecia mais de um rito de purificação e de banho sagrado. Os monges da comunidade de Qumran purificavam-se cada dia. Existia o uso de batizar pagãos convertidos à fé no Deus de Israel.
O batismo de João apontava para um momento escatológico: a grande separação e a maneira de se evitar a condenação eterna (vv. 8-12). As pessoas precisavam voltar-se para Deus. Tinham que mudar de vida. Isto se chama “conversão”. Pois a chegada de Cristo, do Messias já era uma realidade. Naquele instante o Cristo estava peneirando o trigo, para separá-lo da palha. O fogo já estava esperando a palha (vv. 12).
Assim, o rito batismal estava unido com a mensagem. O tempo presente para João já era uma realidade, com a última hora de irromper o juízo final de Deus (v. 10). João fazia um apelo premente para os ouvintes, a fim de que revissem, profundamente, suas vidas.
O Evangelho está dizendo que uma mudança de vida tem de ser encarnada nos fatos, e isto é uma necessidade impreterível. Caso contrário, a árvore tornar-se-á estéril, será cortada e lançada no fogo.
A pessoa será julgada a partir de suas escolhas e de suas ações. Isto é o que anunciava João Batista, à semelhança da "voz do que clama no deserto".
Se essa mensagem tem validade ainda hoje, quais são as pistas para que se mude de vida hoje? João não aponta para si mesmo, mas para aquele que viria depois dele: o Messias Jesus, o prometido de Deus. Ele é o que batiza com o Espírito Santo, o que traz nova vida.

1. A MUDANÇA DE VIDA ACONTECE PELO ACOLHIMENTO DA MENSAGEM DO
REINO DE DEUS E TEM DE SER PESSOAL

A mensagem do Reino dos Céus é a que pode operar a mudança. Esse reino traz em si uma nova ordem a ser estabelecida na terra. É o governo de Deus no coração de homens e de mulheres.
Essa nova ordem é composta de Justiça e de Amor; de respeito entre as pessoas; de acolhimento; de fraternidade universal.
Essa é uma decisão pessoal, de cada pessoa, mas sempre observando o coletivo, porque ninguém vive sem a relação social.

2. A VIDA EM MUDANÇA REVELA AS EXIGÊNCIAS DE UMA FRUTIFICAÇÃO
ABENÇOADA

De que maneira se pode demonstrar uma vida que está aberta para o Reino dos Céus? Tem de haver frutos. Tem de ser fato concreto.
Conversão sem frutos não é conversão. Cada indivíduo deve apresentar as evidências de uma verdadeira vida com Deus. São as evidências do "Batismo com o Espírito Santo".
A linguagem é pessoal, e não fala definidamente de juízo nacional, mas de indivíduos. E de indivíduos que frutificam e não se acomodam.

3. A VIDA ABERTA AO REINO DOS CÉUS NÃO ASSUME O LUGAR DO MESSIAS,
MAS FAZ O MUNDO OLHAR PARA ELE

Embora muitos dos seguidores de João pensassem que ele fosse o Messias, ele próprio fez que as pessoas percebessem que havia um maior que ele. “Cujas sandálias não sou digno de levar”.
Querer se colocar no lugar de Deus é execrar o que de mais sublime existe: a própria vida e o seu desenvolvimento.
A missão de uma vida aberta ao acolhimento da mensagem do Reino é a de preparar o mundo para o encontro com Deus, na pessoa de Jesus Cristo. Pois é ele quem batiza com o Espírito Santo e purifica de todo o mal. O Senhor nos chama hoje a uma mudança de vida.

Este é o momento oportuno para se mudar de vida. É o agora da existência, pois não existe purgatório, nem eternas reencarnações em que as almas se purguem dos seu defeitos.
O momento é este: de atentar para a Palavra de Deus. É ser uma nova criação de Deus, pelos méritos de Jesus Cristo. Isso somente é operado pelo Espírito Santo no mais profundo do coração. Mudai de vida!

sábado, 6 de dezembro de 2025

AS DIMENSÕES PREEXISTENTES DO VERBO DIVINO

AS DIMENSÕES PREEXISTENTES DO VERBO DIVINO

Prof. Nelson Célio de Mesquita Rocha


Evangelho de Jesus Cristo segundo João 1:1-2 — “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.”

O prólogo do Evangelho de João nos transporta para além do tempo, antes da criação, antes do movimento das estrelas, antes do existir de qualquer átomo. Ali, em uma eternidade silenciosa para a criatura, mas plena para o Criador, encontramos o "Verbo" — o "Lógos", a Palavra eterna, a expressão perfeita de Deus.

João não apenas apresenta Jesus como o Messias; ele revela Sua natureza eterna, Sua atividade pre-criacional e Sua participação inseparável na divindade. Esse é o grande e profundo mistério de Deus, revelado na Bíblia.
A partir desses versículos, podemos contemplar três dimensões preexistentes do Verbo Divino:

1. A DIMENSÃO DA ETERNA EXISTÊNCIA – “No princípio era o Verbo”

João não diz: “No princípio veio a ser o Verbo”, mas "era". O verbo grego "ên" aponta para uma existência contínua, sem início, sem origem, sem surgimento. Sendo assim, antes que houvesse um princípio, Ele já "era". Antes que o tempo começasse, Ele já habitava a eternidade. Antes que o universo se expandisse, Ele já existia em perfeita plenitude.

O Verbo não é criatura. Não é parte da criação. Ele → precede tudo, sustenta tudo, ordena tudo. Isto significa que esta dimensão nos lembra que Cristo é imutável, absoluto e eterno. Quando nos apoiamos n’Ele, não estamos nos apoiando em uma filosofia, mas na Palavra que jamais teve início e jamais terá fim.

2. A DIMENSÃO DO RELACIONAMENTO DIVINO – “O Verbo estava com Deus”

Aqui João revela algo extraordinário: O Verbo é eterno, mas não é solitário. A expressão grega "pros ton Theón" indica proximidade, comunhão face a face, um relacionamento vivo, profundo e perfeito. O Verbo estava junto de Deus, voltado para Deus, em um estado de eterna comunhão amorosa.

Antes de criar o ser humano, o Verbo já vivia a plenitude relacional da Trindade. Antes que existisse qualquer criatura para amar, Deus já amava dentro de Si mesmo. Assim, a preexistência do Verbo revela que: Deus é relação, Deus é comunhão, Deus é amor eterno em movimento. E é dessa comunhão perfeita que brota a graça que nos salva.

3. A DIMENSÃO DA PLENA DIVINDADE – “E o Verbo era Deus”

João elimina qualquer dúvida:, ao afirmar que aquele que estava no princípio, aquele que estava com Deus… "era Deus". Não parecido com Deus; não um ser de ordem divina; não um deus menor”… mas o próprio Deus em essência, natureza e glória.

Portanto o Verbo é: a mente divina que expressa a vontade do Pai, a Palavra divina que cria todas as coisas, a luz divina que ilumina toda humanidade e a vida divina que triunfa sobre a morte. Sua preexistência não é apenas temporal; é ontológica. Cristo é Deus de Deus, Luz de Luz, Vida da Vida.

O VERBO que precede tudo se fez carne por causa de nós. Em João 1:1-2 contemplamos as alturas da eternidade, mas em João 1:14 vemos o impossível acontecer: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós.”

O eterno entrou no tempo. O infinito se deixou tocar. O Deus preexistente assumiu forma humana para nos redimir. Aquele que nunca teve começo tornou-se criança. Aquele que sempre existiu experimentou a mortalidade para nos dar vida eterna. As dimensões preexistentes do Verbo revelam a grandeza do Seu amor manifesto na encarnação.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

MULTIPLICAÇÃO DA INIQUIDADE E O AMOR EM ANOMIA

MULTIPLICAÇÃO DA INIQUIDADE E O AMOR EM ANOMIA


Prof. Nelson Célio de Mesquita Rocha


“E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Mateus 24:12).

O texto bíblico que é a base para a temática em epígrafe é uma declaração de Jesus. É uma leitura espiritual do próprio coração humano ao longo da história — e especialmente de nosso tempo. Jesus não está apenas descrevendo o mundo; está revelando um diagnóstico espiritual que toca cada pessoa que deseja permanecer fiel até o fim.

Com a finalidade de se compreender a relação proposta sobre a "multiplicação da iniquidade e o amor em anomia", seguem-se algumas argumentações para reflexão.

1. A multiplicação da iniquidade: quando o mal deixa de ser exceção e se torna cultura

Jesus não fala de episódios isolados, mas de uma *multiplicação. A iniquidade a que Jesus se refere não é apenas pecado, mas torção moral, normalização do errado, relativização do sagrado e substituição da verdade pelo interesse de muitos em promover o mal a qualquer preço ou sem preço algum.

Quando a iniquidade se multiplica o que antes chocava passa a ser tolerado; o que era tolerado passa a ser celebrado; o que era celebrado passa a ser exigido. Neste processo, a sociedade deixa de apenas praticar o mal — e passa a amar o mal, institucionalizando comportamentos que ferem a dignidade humana, a justiça e a pureza espiritual.

2. O amor em anomia é quando o amor existe em processo de desordem

Jesus não diz que o amor desaparece. Ele diz que “esfria”. O amor não morre — ele entra em anomia. Anomia é a ausência de "nomos" (lei, referência, ordem). É quando o amor perde direção,
perde fundamento, perde compromisso, perde sacrifício e perde Deus. É amor que existe, mas não governa mais as decisões. É amor desligado de sua fonte: o próprio Deus.

Um amor sem lei se torna amor interesseiro, amor utilitário, amor descartável, amor emocional, mas não relacional; amor que não transforma, não sustenta e não liberta.

3. O alerta de Jesus é também um chamado

Jesus não nos entrega este diagnóstico para gerar medo, mas para gerar discernimento e perseverança. Ele diz: “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mateus 24:13). Perseverar não é sobreviver por teimosia, mas manter o coração inflamado enquanto todos ao redor esfriam.

Esta perseverança é militante. Isto quer dizer que, é amar quando o mundo odeia. É servir quando o mundo se torna egoísta. É permanecer santo quando o mundo se contamina. É guardar o coração quando o mundo o entrega às trevas.

4. Como aquecer o amor em tempos de frieza espiritual

Algumas orientações se tornam necessárias nestes tempos de multiplicação da iniquidade e esfriamento do amor:

- Retornar ao primeiro amor – não como emoção, mas como entrega total a Jesus.
- Cultivar a Palavra – porque ela é a referência que impede o amor de entrar em anomia.
- Praticar o amor sacrificial – porque amor que não se doa é amor que se apaga.
- Vigiar o coração – pois a frieza começa onde ninguém vê.
- Manter-se cheio do Espírito – Ele é o fogo que nenhum vento gelado deste mundo consegue
apagar.

A iniquidade pode até se multiplicar no mundo, mas não precisa frutificar em nós. E o amor pode até esfriar em muitos, mas não precisa morrer dentro daqueles que permanecem na videira verdadeira. Em tempos de anomia espiritual, o cristão é chamado a ser chama viva, luz que resiste, amor que não falha, fidelidade que não se dobra.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

A EDUCAÇÃO INTEGRAL MAIS EFICAZ NO MUNDO

A EDUCAÇÃO INTEGRAL MAIS EFICAZ NO MUNDO

Prof. Nelson Célio de Mesquita Rocha


“A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos no presente século, sensata, justa e piedosamente” (Tito 2:11-12).

A educação nas instituições públicas e privadas desenvolvem uma educação fragmentada. Algumas disciplinas que são ensinadas não têm em seus conteúdos algum valor para a vida pessoal e muito menos para se exercer no futuro uma profissão. Depois de muitos anos as pessoas nem se lembram do que aprenderam. Mas, há outras disciplinas que são importantes, que têm os seus méritos, principalmente se quem ensina o faz com intuito vocacional.

A Bíblia, a Palavra de Deus fala de uma educação integral, que é para a vida toda e para a eternidade: a Graça, como Mestra Suprema.

1. A Graça como Mestra Suprema é Especial

A maior e mais eficaz educação do mundo não nasce das universidades, dos grandes sistemas pedagógicos ou das metodologias sofisticadas. Ela nasce da Graça de Deus. A graça não apenas perdoa — ela ensina. Não somente abre portas para a salvação — ela forma caráter. É a graça que toma um coração endurecido e o torna sensível; que transforma ignorantes espirituais em discípulos sábios. Sendo assim, a educação humana pode moldar comportamentos. A educação da graça revelada a todos, indiscriminadamente, molda a alma.

2. A Graça como Mestra, ensina a dizer “Não”

O texto afirma que a graça nos educa “renegando a impiedade e as paixões mundanas”. Isso significa que a graça não é apenas um sentimento de aceitação, mas um poder transformador que nos capacita a rejeitar aquilo que destroi. A verdadeira educação não é apenas informativa — é formativa.

A Graça como Mestra, proporciona os seguintes benefícios: discernimento para identificar o mal, coragem para rejeitá-lo e força para não voltar atrás. Essa é a educação moral mais profunda e duradoura que existe.

3. A Graça como Mestra ensina a viver

Depois de nos ensinar a renunciar o que é bom para a vida, a graça nos ensina como viver. Isto quer dizer que, vive-se sensatamente (com equilíbrio interior). É uma uma vida governada pelo Espírito, e não pelos impulsos, de modo justo, que implica em responsabilidade social.

Portanto, Deus nos educa para sermos agentes de justiça, integridade e verdade, com com devoção espiritual. Uma vida ancorada em Deus, orientada pela comunhão e nutrida pela Palavra. Este modelo de educação combina essas três dimensões tão perfeitamente: equilíbrio pessoal, responsabilidade social e espiritualidade profunda.

4. A educação da Graça como Mestra é universal e permanente

Esta Graça Mestra “se manifestou a todos”, pois é a única educação verdadeiramente universal, capaz de alcançar pobres e ricos, letrados e simples, jovens e idosos, culturas diversas e todas as nações. Ela é também permanente, pois a Graça Mestra não dá diplomas — dá frutos.

A educação integral mais eficaz no mundo não está limitada a salas de aula, currículos ou títulos.
Ela vem de Deus, pela graça, e transforma toda a existência humana. A educação divina não apenas prepara para o mercado — prepara para a eternidade. Não apenas melhora o comportamento — transforma o coração. Não apenas instrui — salva.

Que todas as pessoas possam acolher Graça-Mestra de Deus, revelada em Jesus, e que Ela continue sendo uma realidade, na vida neste mundo com santidade, justiça e sobriedade.

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

MOVIMENTO PARA UM NOVO MODO DE VIVER

MOVIMENTO PARA UM NOVO MODO DE VIVER


Prof. Nelson Célio de Mesquita Rocha


“Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do SENHOR.” (Isaías 2:5)

Eis o convite de ADONAY (SENHOR) para que povos e nações possam viver em paz. Não à paz que é finita, feita por acordos políticos. Um convite para que não existam mais armas e ninguém aprenda também a guerra. É um convite para a paz eterna.

Caminhar na luz de Adonay não é apenas adotar uma conduta moral; é responder a um chamado divino que precede qualquer ação humana. O profeta Isaías convoca o povo a um movimento — vinde — e só depois a um modo de viver — andemos. A luz do Senhor não é alcançada por mérito, mas convidada pela obediência.

Esse movimento para um novo modo de viver se dá sob a luz do SENHOR.

1. A LUZ DE ADONAY REVELA O CAMINHO

A luz de Deus não é apenas brilho; é direção. No contexto de Isaías, a casa de Jacó era convidada a abandonar sombras de idolatria, alianças humanas e confiança em forças políticas, para reencontrar o propósito original: viver guiada pelo Eterno. Assim, quem anda na luz não decide o próprio percurso; segue a rota revelada.

2. A LUZ DE ADONAY EXIGE RENÚNCIA

A luz expõe o que precisamos deixar. Não há caminhada luminosa com coração dividido.
Andar na luz significa um movimento dinâmico. Por exemplo: renunciar trevas interiores,
confrontar pecados ocultos, abandonar caminhos tortuosos, e permitir que Deus ilumine intenções, palavras e decisões. Só renuncia quem confia. Só confia quem conhece a voz do Senhor.

3. A LUZ DE ADONAY TRANSFORMA O CARÁTER

Não andamos na luz para sermos vistos, mas para refletirmos Aquele que é Luz. O caráter moldado pela luz se torna testemunho vivo. Há justiça em vez de injustiça. Há paz em vez de conflito. Há humildade em vez de arrogância. Há temor em vez de autossuficiência. Deste modo, a caminhada com Deus não é estática; é progressiva, crescente, purificadora.

4. A LUZ DE ADONAY NOS EMPURRA AO FUTURO PROMETIDO

Isaías 2 anuncia um futuro em que as nações subirão ao monte do Senhor. A luz que recebemos hoje aponta para a plenitude que veremos amanhã. Quem anda na luz vive com esperança.
Quem anda na luz já experimenta agora os contornos do Reino vindouro.

O chamado é claro: “Vinde… andemos…” É um convite para um movimento de vida com sentido pleno da verdadeira paz que somente o SENHOR pode dá, através de sue Filho Amado, Jesus, que veio a este mundo e voltará segunda vez para o estabelecimento definitivo do Reino de Deus.

Adonay não chama espectadores, mas caminhantes. A luz não é um destino, mas uma jornada — contínua, crescente e transformadora.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

CADA MOMENTO É UM NOVO INÍCIO

CADA MOMENTO É UM NOVO INÍCIO

Prof. Nelson Célio de Mesquita Rocha (Pastor presbiteriano, membro do PNIL - Presbitério de Nilópolis - RJ)


A vida não se encerra e nem atinge o seu ápice com algumas vitórias. É preciso ter consciência de que há momentos de conquistas, mas também há momentos de fracassos. Quando alguém conquista algo faz festa. E, tem de ser assim mesmo. Quando há fracassos, há tristeza para alguns, e outros transformam esses momentos em oportunidades para recomeçar. Desta maneira, é que se desenvolve a vida: lamentando as perdas ou iniciando algo novo, diferente. Como diria o jornalista e comunicador Ricardo Boechat: "Toca o barco". Esta expressão simboliza a importância de agir e não ficar passivo, especialmente em momentos de incerteza. Boechat frequentemente usava essa frase para encorajar a coragem e a decisão em situações desafiadoras, enfatizando que não devemos permitir que as dificuldades nos impeçam de seguir em frente.

Há uma verdade silenciosa que Deus sussurra ao coração humano: cada momento é um novo início. Não porque o passado deixe de existir, mas porque o Senhor, em Sua infinita misericórdia, abre janelas de recomeço mesmo quando portas parecem ter sido fechadas para sempre. A vida, na perspectiva divina, não é uma linha contínua e rígida, mas um tecido feito de instantes — e cada instante pode ser renovado pela graça. Deus não espera o amanhã para operar; Ele age agora, no tempo presente, no tempo da oportunidade, no "kairos" (tempo de Deus) que transforma.

Quantas vezes carregamos culpas, fracassos, medos e decisões mal tomadas como se fossem sentenças definitivas? Mas Deus não trabalha com sentenças — Ele trabalha com processos. E nos processos d’Ele, o ontem não define o hoje, e o hoje não aprisiona o amanhã.

A Bíblia testemunha isso repetidamente sobre alguns momentos que marcaram um "novo início". Vejamos alguns exemplos: O filho pródigo encontrou um novo início no instante em que decidiu levantar-se; Pedro recebeu um recomeço na manhã em que Jesus lhe perguntou: “Tu me amas?” e Paulo começou uma nova jornada no mesmo caminho onde antes perseguia os seguidores de Jesus.

Recomeços não precisam de grandes cenários; precisam apenas de um coração disposto. Cada novo dia, cada respiração, cada despertar é uma declaração silenciosa de Deus: “Eu ainda estou fazendo novas todas as coisas.”

Portanto, se algo pesou sobre alguns de nós ontem — deixemos que Deus faça novo. Se alguma área da vida parece adormecida — permitamos que Deus nos desperte. Se um erro insiste em ecoar — permitamos que a voz da graça seja mais alta. Porque o Senhor não nos condena ao passado; Ele nos chama para o próximo passo. E esse passo começa agora, no exato momento em que nós abrimos o coração e cada um pode dizer: “Pai, eis-me aqui. Faz de mim algo novo.”

Por fim, um pensamento para ficar na mente: Que se viva a leveza do entendimento de que, em Deus, cada momento é um novo início — e nenhum começo é pequeno demais quando Ele é quem o inaugura.

domingo, 30 de novembro de 2025

FECHAMENTO E ABERTURA DE CICLOS NA EXISTÊNCIA BIOLÓGICA

FECHAMENTO E ABERTURA DE CICLOS NA EXISTÊNCIA BIOLÓGICA


Prof. Nelson Célio de Mesquita Rocha (Pastor Presbiteriano, membro do PNIL - Presbitério de Nilópolis - RJ)


A vida humana tem um movimento contínuo na terra, que somente termina com a morte. A morte para os cristãos é o fim da vida biológica, e o início de uma nova vida - a vida eterna. A "parusia" ou a segunda vinda de Jesus será determinante para o novo modo de existir. Esse existir será caraterizado não mais pelo mal, mas pelo bem, para aqueles que não rejeitarem o chamado de Jesus; os que acolheram a graça de Deus revelada em seu Filho Amado.

A existência biológica é marcada por um ritmo que não cessa: ciclos se iniciam, se desenvolvem, completam-se e cedem espaço para novos começos. Nada permanece estático. Desde as células que se renovam incessantemente até as estações que governam a terra, tudo na criação pulsa em um dinamismo que revela uma verdade essencial: a vida é feita de encerramentos e de renascimentos. Assim, é necessário observar alguns pontos desse movimento.

1. O fechamento de ciclos: a sabedoria da conclusão

Encerrar um ciclo não significa fracasso; significa maturidade. Assim como a natureza sabe quando uma folha deve cair para que o galho respire e a árvore renove sua força, nós também precisamos reconhecer os momentos em que algo chegou ao fim. Por exemplo: uma fase emocional, um projeto, uma relação, um desejo ou uma forma de pensar.

A biologia nos ensina que não existem perdas, apenas transições. Até o que morre, transforma-se. O fim de um ciclo biológico não é interrupção da vida, mas parte dela. A conclusão saudável é o que impede a estagnação e preserva a vitalidade.

2. Abertura de ciclos: a coragem do novo

Sobre o fechar um ciclo exige-se discernimento, abrir outro exige-se fé. A semente que rompe a terra, o animal que troca sua pele, o organismo que se adapta ao ambiente — todos nos lembram que a vida se expande quando ousamos iniciar algo novo.

A abertura de ciclos é o exercício da confiança. Por exemplo: confiar em novos caminhos, em novas possibilidades, em novas versões de nós mesmos.

Na existência biológica, nenhum organismo sobrevive sem mudança. Assim também nós: a estagnação é contra a própria lógica da vida. Viver é permitir-se começar de novo.

3. O encontro entre fim e começo

O que parece final é, muitas vezes, germinação. O que parece perda é preparação. O que parece vazio é solo fértil. Biologicamente, nunca há vazio absoluto: há espaço reorganizado para que outra forma de vida floresça.

Bíblica e espiritualmente , esse princípio ecoa com ainda mais força: “Eis que faço novas todas as coisas ” (Apocalipse 21:5). Deus conduz nossa existência com a mesma precisão com que governa a criação. Nada se fecha sem propósito. Nada se inicia sem sentido. Cada ciclo é parte de um desenho maior, onde crescimento, maturidade e transformação se entrelaçam.

4. Vivendo com consciência ciclíca ascendente

A sabedoria está em discernir o seguinte: o que precisa ser encerrado com gratidão, o que precisa ser iniciado com coragem e o que precisa apenas ser acolhido no seu tempo de maturação.

Quando entendemos os ciclos da vida, deixamos de lutar contra o fluxo e começamos a caminhar com ele. E nessa caminhada encontramos paz, propósito e alinhamento com o Criador.

sábado, 29 de novembro de 2025

ÂNSIA E CERTEZA DE VITÓRIA ANTECIPADA

ÂNSIA E CERTEZA DE VITÓRIA ANTECIPADA

Prof. Nelson Célio de Mesquita Rocha (Pastor presbiteriano, membro do PNIL - Presbitério de Nilópolis - RJ


Há momentos na jornada da vida em que o coração humano pulsa acelerado, tomado por uma ânsia que não nasce do medo, mas da expectativa. É a inquietação daqueles que sabem que Deus está prestes a agir. A alma se agita, não porque duvida do futuro, mas porque pressente que o futuro já foi decidido na existência de cada pessoa. Essa ânsia não paralisa — ela impulsiona. Não confunde — orienta. Não esgota — fortalece. Isto é o que caracteriza os crentes em Cristo Jesus.

A vitória antecipada é um sentimento que brota na vida daqueles que entendem o caráter fiel do Senhor. Eles caminham com a convicção de que o que Deus prometeu já está consumado, mesmo antes de se materializar. A fé não espera a evidência para celebrar; ela celebra enquanto a evidência ainda está viajando em direção ao tempo presente. Por isso, enquanto muitos enxergam apenas o vale, aqueles que têm essa certeza antecipada já estão contemplando o topo do monte, onde a bandeira da vitória será erguida.

A ânsia pela vitória não é ansiedade — é discernimento espiritual. É o Espírito Santo testemunhando ao nosso espírito que algo grandioso está sendo preparado. É como a alvorada que, antes de romper o horizonte, já ilumina o céu com tons de promessa. O coração que aguarda em Deus sente esse brilho antes que o sol apareça. Sabe que a luta pode ser longa, mas a sentença já foi dada pelo Juiz eterno: “Em todas essas coisas somos mais que vencedores” (Romanos 8:37).

A certeza da vitória antecipada nasce da memória dos feitos divinos. Quem já viu Deus abrir mares, derrubar muros, fechar bocas de leões, acalmar tempestades e ressuscitar sonhos, não pode duvidar do que Ele fará novamente. Há uma confiança que se constroi sobre a fidelidade repetida de Deus. É por isso que o verdadeiro vencedor não espera o fim da batalha para cantar — ele canta dentro dela porque sabe quem luta ao seu lado.

A vitória antecipada também é fruto de rendição. Quando entregamos totalmente nossos caminhos ao Senhor, deixamos de lutar para vencer e passamos a lutar porque já vencemos. A diferença é sutil, mas transforma a história. Quem luta para vencer teme perder. Quem luta porque venceu luta em paz. A alma descansa, embora o corpo batalhe. E esse descanso é um testemunho silencioso de que Deus já decretou o desfecho.

Por fim, a ânsia e a certeza da vitória antecipada são marcas de quem já viu, pela fé, o que os olhos ainda não enxergam. São marcas de pessoas que caminham no invisível como se fosse visível, porque confiam naquele que não falha. O mundo chama isso de presunção; o céu chama isso de fé madura.

Se hoje o coração pulsa com essa ânsia, não tente calá-la. Ela é sinal de que Deus está preparando algo extraordinário. Sendo assim, celebremos antes de ver, adoremos antes de vencer, agradeçamos antes de receber. Porque, na economia divina, a vitória não começa no fim — ela começa no coração que crê.


sexta-feira, 28 de novembro de 2025

ADVENTO, TEMPO DE ESPERA

ADVENTO, TEMPO DE ESPERA


Prof. Nelson Célio de Mesquita Rocha (Pastor presbiteriano, membro do PNIL - Presbitério de Nilópolis - RJ)


Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.3:1-6

O ADVENTO, segundo o Calendário Cristão é tempo de reflexão, de espera. Deve haver uma preparação, não somente para as comemorações do Natal, mas para a Segunda vinda de Jesus, no sentido de se operar comportamentos que conduzam a um novo modo de existir na história, segundo a vontade de Deus revelada na Sua Palavra.

O texto do Evangelho segundo Lucas 3:1-16 ensina de modo objetivo que o centro da história, o que dá valor e sentido ao processo dos acontecimentos históricos, não é o poder político mundial, Tibério César; não é o poder religioso e político local, palestinense; nem os pontífices de Jerusalém ou os vassalos de Roma. Mas, a Palavra de Deus que chega a João, filho de Zacarias, no deserto (Lucas 1:80).

Enquanto o poder profano parece incidir em dominação, usurpação, traduzido por exploração aos mais fracos e impotentes, A SALVAÇÃO VINDA DE DEUS É UMA CERTEZA PLENA, que muda a vida das pessoas.

O que as pessoas esperavam dos governantes no tempo de João Batista? Cada vez mais, os pobres ficavam mais pobres; os doentes cada vez mais doentes. Os dominadores e exploradores não davam esperança ao povo sofredor.

Foi nessa época, que a Palavra de Deus correu velozmente; chamando no deserto o mensageiro e fazendo-se ressoar no lugar tradicional dos encontros com Deus, para ser enviando ao povo. A missão de João Batista era a de preparar a vinda do Senhor (Lucas 1:16-17,76). A sua mensagem tem uma natureza e um propósito: um convite sério ao arrependimento, à conversão e uma instrução moral.

À Igreja também foi dada essa missão: preparar o mundo para a segunda vinda de Jesus. Preparar as pessoas para o Batismo e fazê-las congregar diante da Mesa dos eleitos, assumindo o mandato cultural, social e religioso estabelecido por Jesus.

ADVENTO é tempo das pessoas assumirem um compromisso com Deus e mudanças radicais: o anúncio profético, que tinha sustentado a esperança dos deportados do século VI a. C., agora ressoa com um timbre novo: “Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; os caminhos tortuosos serão retificados, e os escabrosos, aplanados” (v. 5).

Um novo caminho foi aberto para a próxima vinda do Senhor. O fim da prepotência e de toda a arrogância vai chegar. É tempo de conversão; é tempo de ADVENTO; de preparação para receber o Senhor que vem.

Mas, é preciso identificar que esse tempo apresenta algumas características.
1. TEMPO MARCADO PELA PALAVRA MOTIVADORA DE DEUS

“A Palavra de Deus foi dirigida a João, filho de Zacarias” (v.1). É, portanto uma Palavra que encontra as pessoas no DESERTO, por exemplo. É uma Palavra que motiva às grandes realizações na história: João saiu a pregar por toda a região do Jordão, o arrependimento.

2. TEMPO CARACTERIZADO PELA PREPARAÇÃO PARA SE VIVER INTENSAMENTE OS VALORES DO REINO DE DEUS

É fundamental haver mudança de mente e de coração. É preciso receber um novo coração, de Deus; regenerado, transformado por Jesus. Também, a prática da fraternidade e da justiça, num contexto caótico, e sem esperança para aqueles que estão vivendo sem a verdadeira vida. Assim, é preciso ter as marcas das bem-aventuranças registras em Mateus 5:1-11, que somente tem os que se preparam hoje para viver a vida com Deus.

3. TEMPO CONSTATADO PELA VISÃO DA SALVAÇÃO DE DEUS NA HISTÓRIA

Toda a cegueira tem de ser dissipada. A cegueira espiritual, porque o ser humano que somente existe com fundamento em si mesmo, não pode entender as coisas do Espírito de Deus, pois elas se discernem espiritualmente. E, ser espiritual não quer dizer uma pessoa à parte das outras, ou à parte do mundo, mas verdadeiramente na presença de Deus, praticando os valores do Reino de Amor e Paz, no tempo que se chama hoje. Isto é TESTEMUNHO.

É tempo de ADVENTO, no aqui e agora. E, assim, vivamos uma vida de espera por um mundo melhor, onde o mal vai sendo dissipado, sob a bênção de Deus. Quanto mais a mensagem das Boas Novas vai sendo proclamada, mais o mal vai sendo extirpado.

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

GRATIDÃO GERA SENSO DE HUMANIDADE

GRATIDÃO GERA SENSO DE HUMANIDADE

Prof. Nelson Célio de Mesquita Rocha (Pastor presbiteriano, membro do PNIL - Presbitério de Nilópolis - RJ)


1 Tessalonicenses 5:18 – “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.”

Em um mundo marcado por disputas diversificadas, pressa em excesso e individualismo, tornou-se um grande desafio viver a vida que vale à pena ser vivida. Mas, há uma chave espiritual que restaura o coração humano, purifica as intenções e reacende a sensibilidade perdida: a gratidão.

O apóstolo Paulo afirma: “Em tudo dai graças.” Não é um conselho, é uma convocação divina. Não é uma obrigação, porém, um dever. Porque onde há gratidão, nasce humanidade; onde a gratidão se apaga, nasce a dureza, o egoísmo e a desumanização.
Hoje e em todo tempo, a reflexão sobre como a gratidão molda o caráter da pessoa, cria bons relacionamentos e também a forma de olhar o próximo.

O que a gratidão proporciona pode ser compreendido a partir de alguns pontos, como por exemplo, os que seguem, com a finalidade de se refletir cotidianamente.

1. A GRATIDÃO NOS RECONECTA À NOSSA ORIGEM HUMANA

A gratidão não é apenas um sentimento. É um reconhecimento profundo de que não somos autossuficientes. É por esta razão que o apóstolo Paulo ensinou isso numa igreja perseguida por causa da pregação das Boas Novas, para mostrar que o cristão reconhece a presença de Deus mesmo em tempos difíceis.

Quando alguém diz: “Senhor, graças te dou pelo pouco, pelo muito, pela luta e pela vitória”, demonstra-se que a pessoa não no caminho sozinha, pois reconhece a presença de Deus e que a limitação humana é uma realidade.

A gratidão destroi a arrogância, desmonta o orgulho e nos devolve à humildade de criaturas amadas por Deus. Quem agradece, reconhece; e quem reconhece, humaniza.

2. A GRATIDÃO NOS TORNA PESSOAS MAIS SENSÍVEIS AO PRÓXIMO

A gratidão nos abre os olhos para o que realmente importa. Uma pessoa grata percebe algumas facetas na sua existência: os pequenos gestos, as pessoas invisíveis do cotidiano e as bênçãos que passam despercebidas pela multidão apressada.

Quando somos gratos por aquilo que temos, nos tornamos mais compassivos com quem nada tem. A ingratidão, por outro lado, gera um espírito de cobrança, crítica e insatisfação. Mas a gratidão gera empatia. Quem agradece mais, julga menos. Quem agradece mais, ajuda mais.
* Quem agradece mais, sorri mais. Quem agradece mais, valoriza mais a vida. Sendo assim, a gratidão é um exercício contínuo de perceber o outro como humano, imagem de Deus.

3. A GRATIDÃO NOS TRANSFORMA EM INSTRUMENTOS DE DEUS NO MUNDO

A vontade de Deus para nós é clara: “Em tudo dai graças.” Por que? Porque um coração grato se torna portador de paz. Pois, onde chega, acalma. Onde fala, constroi. Onde pisa, abençoa.

O coração grato é portador de esperança., porque vê a mão de Deus em cada detalhe. É também, portador de testemunho, pois mundo está cansado de reclamação. Mas quando alguém agradece em meio à luta, Deus é glorificado.

A gratidão é um ministério silencioso, mas poderoso. Ela evangeliza sem palavras, cura sem remédios, e transforma ambientes sem imposição. Deste modo, pessoas gratas carregam a beleza de Jesus Cristo em seu comportamento.

A gratidão não é consequência; é escolha. Não nasce das circunstâncias, mas da fé. Quando agradecemos nos tornamos mais humanos, mais sensíveis, mais espirituais, mais parecidos com Jesus. Portanto, que Deus nos ajude a viver uma vida onde a gratidão não seja apenas uma palavra dita, mas um estilo de vida praticado.

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

"O SILÊNCIO DO LEÃO É MUITO MAIS ATERRORIZANTE DO QUE O DEBOCHE DAS HIENAS"

"O SILÊNCIO DO LEÃO É MUITO MAIS ATERRORIZANTE DO QUE O DEBOCHE DAS HIENAS"


Prof. Nelson Célio de Mesquita Rocha


A frase em epígrafe, que se toma para o título deste texto, não foi atribuída a uma figura específica. Parece ser uma frase popular ou uma metáfora sem um autor conhecido. É claro que os animais citados agem segundo os seus instintos. As expressões "aterrorizante" e "deboche" fazem parte da linguagem e do pensamento do ser humano, ao transferir seus sentimentos a esses animais. Sendo assim, pode-se refletir sobre o ensinamento da frase em forma de provérbio, para o cotidiano.

Há momentos na vida em que o mal, a injustiça e a arrogância parecem fazer barulho demais. Os zombadores riem, os opositores debocham, os impiedosos se levantam com aparente força. Parecem hienas celebrando uma vitória antecipada. Mas há um princípio espiritual que nunca falha: o silêncio do Leão é mais poderoso do que todo o ruído das hienas.

É preciso considerar para reflexão alguns aspectos interessantes para vida.

1. O barulho das hienas não define a realidade

As hienas vivem do escárnio. Seu poder está no barulho, na confusão, na ameaça coletiva. Da mesma forma, as afrontas do inimigo são sempre barulhentas — críticas, acusações, zombarias, fofocas, injustiças. Mas o barulho das hienas não muda quem o Leão é. As vozes humanas não alteram o trono de Deus. O deboche do ímpio não reescreve o futuro dos justos.

2. O silêncio do Leão é um tempo de observação e julgamento

Quando um leão está silencioso, ele não está ausente — ele está observando. Quando Deus parece em silêncio, Ele não está inerte — Ele está avaliando, preparando, medindo cada passo.
O silêncio de Deus é sempre estratégico. Há silêncio na paciência divina. Há silêncio no tempo da justiça. Há silêncio na formação do caráter. Diante desse silêncio, o barulho do mal nunca anula o silêncio da soberania.

3. Quando o Leão ruge, tudo muda

O rugido do leão vem no tempo certo. E quando Deus age, o que antes parecia grande se torna poeira. O escárnio das hienas se transforma em pavor. Quem ria cai. Quem zombava se cala. Quem parecia forte perde o fôlego. Porque quando o Leão se levanta, Ele não precisa explicar — Ele apenas coloca tudo em seu devido lugar.

4. A pessoa que exerce a sua fé em Deus não teme o deboche — o crente confia no silêncio

O justo não se apavora com as vozes que riem dele. Ele sabe que o silêncio de Deus não é abandono, mas proteção. Não é omissão, é estratégia. Não é derrota, é preparação para a virada.

As hienas riem porque não entendem o silêncio. Zombam porque não conhecem o Leão.
Debocham porque ignoram o tempo da justiça. Mas o Leão — símbolo da realeza, da autoridade e da justiça divina — permanece no controle. E quando Ele ruge, toda risada maldosa se transforma em silêncio absoluto.

UM CÂNTICO DE VITÓRIA QUE ECOA NA HISTÓRIA

UM CÂNTICO DE VITÓRIA QUE ECOA NA HISTÓRIA Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha No Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1:46–56, consta o ...