ESTRUTURAS QUE SUSTENTAM A MISSÃO DA IGREJA
Lucas 24.36-48
Jesus, sendo
verdadeiramente humano, conviveu com os seus discípulos na caminhada, muitas
vezes marcada pelas adversidades humilhantes. A pior humilhação foi a sua morte
violenta, impetrada pelos mandatários dos poderes político e religioso. Mas, é sublime o fato de a morte não conter a
vida de Jesus, uma vez que ele ressuscitou, abrindo a via do acesso definitivo
à verdadeira liberdade. Mesmo em face de suas afirmações aos discípulos acerca
desse fato inaudito, a ideia que se tem no Evangelho é tão somente de medo e de
perturbação, após a morte do Senhor. As dúvidas provenientes do racionar grego
induziam os discípulos através da falácia docética do espírito sem um corpo. A
questão que atravessa o íntimo dos primeiros discípulos era se Jesus tinha
mesmo ressuscitado num corpo. Isso trazia sérias dificuldades à missão da
Igreja primeva.
Jesus, então, apareceu
aos discípulos num momento de medo e perturbação. Ele se apresentou vivo, em
pessoa, não podendo haver nenhuma confusão sobre a sua presença. Ele mesmo
disse: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e
verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que em tenho”
(Lucas 24.39). Assim, pode-se perceber a estrutura que sustém a missão da
Igreja que é identificada mediante três pontos fundamentais, segundo o relato
do Evangelho de Lucas 24.36-49:
O
primeiro trata do ponto de referência da vida cristã: Jesus Cristo ressureto.
Este é o núcleo paradigmático do querigma: Jesus Cristo morto e ressuscitado. A
Igreja primitiva fazia a releitura da Escritura veterostestamentária sob a
ótica da chave cristológica. Jesus Cristo vive e caminha com o seu povo.
O segundo se refere ao
ensino de Jesus acerca do projeto salvífico de Deus. É um ensino eficaz que
atinge o ser de forma integral, constituindo-se fundamento inabalável da
proclamação eclesial. Essa realização memorável desse grandioso projeto não
pode prescindir da vida, obra e ressurreição de Jesus.
O terceiro se subscreve
pela missão confiada à Igreja: o anúncio da salvação aos homens e às mulheres.
Diz respeito ao destino da humanidade, de todos os tempos, no sentido da uma
operação de uma mudança na história humana, pela saída do passado de fatalismo
e medo, que geram violência, escravidão e injustiça.
Aí estão três fulcros
basilares de sustentação da comunidade de fé, em todos os tempos e momentos
históricos. Então, se existem bases para que alguma pessoa ou grupos de pessoas
defendam como base para se estabelecer a solidificação de algum sistema quer
religioso ou político em todos os segmentos sociais, a Igreja, estabelecida
pelo próprio Deus, encontra sua firmeza de ser e de operar no Senhor
Ressurreto, no projeto salvífico do Deus criador e salvador e no anúncio a
todos os povos das boas novas de paz e de amor.
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