A COMPAIXÃO DE DEUS É UNIVERSAL E NÃO NACIONALISTA
Prof. Nelson Célio de Mesquita Rocha
Há um ditado no Brasil muito conhecido no Brasil que é proferido por muitos brasileiros, o qual é dito assim: "Deus é brasileiro". Assim também como estava na mente de Jonas: "Deus é hebreu", ou mais tardiamente: "Deus é judeu". Também no Cristianismo é comum ouvir ou ler que "Deus é cristão". Mas, não é este o modo, segundo a Bíblia, de se tirar ideias a respeito de Deus. ADONAY, conforme está no hebraico, não é de propriedade de ninguém e de nenhuma nação.
No Livro do Profeta Jonas 4:11, está escrito “E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua esquerda, e também muitos animais?”
O livro de Jonas termina com uma pergunta divina. É uma das conclusões mais surpreendentes da Bíblia: não há resposta registrada, apenas o silêncio do profeta e a voz da misericórdia divina ecoando através dos séculos. Jonas, o profeta relutante, aprendeu da forma mais dura que o amor de Deus ultrapassa fronteiras, etnias, religiões e moralidades humanas. Deus não se limita à geografia de Israel ou de qualquer nação — Ele é o Deus de toda a terra (Cf. Salmo 24:1).
Entendamos alguns pontos sobre o assunto no conteúdo do Livro do Profeta Jonas.
O CONFLITO NA MENTE DO PROFETA
Jonas queria justiça, mas Deus ofereceu graça. Jonas pregou, Nínive se arrependeu, e Deus perdoou. É interessante observar que, para Jonas, isso era inaceitável, pois os ninivitas eram inimigos cruéis de Israel.
O profeta desejava um Deus “nacionalista”, mas o Senhor revelou-se universal. “Com isso, desgostou-se Jonas extremamente e ficou irado” (Jonas 4:1). Aqui se revela o coração humano: queremos misericórdia para nós e juízo para os outros.
O ENSINO DIVINO É PROFUNDAMENTE DIDÁTICO E ULTRAPASSA OS GATILHOS DE INCLEMÊNCIA DA MENTE HUMANA
Deus, com paciência pedagógica, usa uma planta, um verme e um vento para ensinar ao profeta o valor da compaixão. Jonas se alegra com a sombra da planta, mas não se importa com a destruição de uma cidade inteira. Então Deus pergunta: “E não hei de Eu ter compaixão de Nínive...?” É como se dissesse: “Jonas, se você se compadece de uma planta, como Eu não Me compadeceria de pessoas criadas à Minha imagem?”
A COMPAIXÃO UNIVERSAL DE DEUS EM CONTRAPOSIÇÃO À LIMITAÇÃO DO PENSAMENTO POSSESSIVO QUE ESTABELECE FRONTEIRAS
Deus é compassivo não apenas com Israel, mas com todos os povos. Sua graça alcança o pecador arrependido, independentemente da origem.
Sendo assim, aprendemos que a compaixão divina é: Universal – não conhece fronteiras. É pessoal – toca cada coração. É inclusiva – até os “muitos animais” são lembrados (v. 11), mostrando o cuidado de Deus pela criação. “O Senhor é bom para todos, e as suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras” (Salmo 145:9).
Um apelo veemente é feito a todos - Evitemos o exclusivismo religioso. Deus ama até os que julgamos indignos. Preguemos com compaixão. O evangelho não é instrumento de condenação, mas de reconciliação. Imitemos o coração de Deus. A verdadeira espiritualidade se mede pela nossa capacidade de amar o que Deus ama.
O livro de Jonas termina sem a resposta do profeta — talvez porque a resposta cabe a nós.
A pergunta divina continua ecoando: “E não hei de Eu ter compaixão...?” Sim, Deus tem compaixão: de Nínive, de Israel, do Brasil, e de toda a humanidade. A cruz de Jesus é a prova final da compaixão universal de Deus.
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