terça-feira, 4 de novembro de 2025

A BÍBLIA E A NECESSIDADE DE

UMA ORDEM CRONOLÓGICA

Prof. Nelson Célio de Mesquita Rocha


Há uma urgente necessidade de haver uma disposição da Bíblia dentro de uma ordem cronológica, para que haja um melhor entendimento, principalmente dos leigos. Não podem somente os estudiosos monopolizarem um entendimento da Sagrada Escritura, enquanto os leigos ou aqueles que não tiveram ou não têm acesso a uma academia teológica fiquem na condição de meros ouvintes. E, nessa condição, leiam e interpretem a Bíblia ao seu bel prazer.
Toma-se apenas um exemplo, de dois livros do Antigo Testamente, em referência ao Livro do Profeta Ezequiel, que foi escrito no ano de 597 a.C., no primeiro cerco a Jerusalém e a deportação de um grupo importante de pessoas para a Babilônia, bem como o exercício do seu ministério profético em torno de 593 a 571 a.C. Comparando-se com o ministério profético de Oséias, na sequência depois do Livro de Daniel, foi escrito aproximadamente entre os anos de 755 e 715 a.C., durante o período final do Reino do Norte, Israel. o leitor atento pode perguntar: "Por que Oséias não está inserido antes de Ezequiel?"
Os cristãos sabem que a Bíblia Sagrada é formada por livros de inspiração divino-humana, mas sua disposição atual não segue uma sequência cronológica. Os livros estão agrupados por gênero — Lei, História, Poesia, Profecia, Evangelhos, Cartas e Apocalipse — o que pode causar certa confusão ao leitor que busca compreender o desenrolar histórico da revelação de Deus. Assim, entender a ordem cronológica da Bíblia é fundamental para captar a progressão dos eventos, das alianças e do plano redentivo de Deus na história humana.
A narrativa bíblica se inicia com Gênesis, que trata da criação, da queda, do dilúvio e do chamado de Abraão. Depois, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio relatam a formação de Israel como nação e a entrega da Lei. Contudo, quando se chega aos livros históricos e proféticos, as datas se entrelaçam: os profetas Isaías, Jeremias e Ezequiel, por exemplo, atuaram em períodos que se sobrepõem aos livros dos Reis e Crônicas.
Essa desordem aparente não compromete a mensagem espiritual, mas dificulta a leitura sequencial dos acontecimentos. Ler a Bíblia em ordem cronológica ajuda o estudante a ter algumas percepções importante. Por exemplo:
- Perceber a unidade da revelação, observando como cada evento prepara o seguinte;
- Compreender o contexto histórico em que cada profeta, rei ou apóstolo viveu;
- Aprofundar a teologia bíblica, entendendo a continuidade da promessa messiânica desde Gênesis até Cristo;
- Relacionar Antigo e Novo Testamento, vendo o cumprimento das profecias e o avanço do Reino de Deus.
Por exemplo, ler os Salmos junto aos eventos da vida de Davi traz mais sentido emocional e espiritual às suas palavras. Do mesmo modo, colocar os profetas menores nos períodos correspondentes dos reis de Israel e Judá amplia a visão da fidelidade e da justiça de Deus na história.
A responsabilidade de se colocar a Bíblia dentro de uma ordem ordem cronológica é das sociedades bíblicas, pois têm-se bons exegetas nos diversos segmentos cristãos, os quais podem dar uma grande colaboração para esse empreendimento. Sendo assim, não se deve pensar que o Cânon (relação dos livros bíblicos estabelecidos) é inspirado por Deus, mas os livros que foram escritos, são considerados pelos cristãos como inspirados por Deus, escritos por pessoas, cada uma com seu estilo.
A Bíblia é inspirada e perfeita em seu conteúdo, mas organizá-la cronologicamente é um exercício que enriquece o estudo e fortalece a fé. A ordem cronológica não altera a mensagem divina — ela a ilumina. Ao compreender o fluir dos acontecimentos, o leitor percebe que a revelação bíblica é progressiva e coerente, conduzindo a humanidade desde o início de tudo até a nova realidade a ser estabelecida por Deus, que é o seu governo, dentro de contexto de "Já" e "Ainda não". Isto é, o reinado de Deus já está, mas ainda não em sua concretude.
Assim, estudar a Bíblia em ordem cronológica é, ao mesmo tempo, honrar a história da salvação e aprofundar-se no coração de Deus, que se revelou de forma contínua, amorosa e soberana ao longo dos séculos.

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