terça-feira, 4 de novembro de 2025

TARIFAÇO ESPITIRUAL
Um fenômeno antigo e que se desenvolve no contexto religioso no percurso do tempo
Prof. Nelson Célio de Mesquita Rocha

Um breve análise no texto bíblico de 1 Reis 12:1–14
No contexto religioso ao longo do tempo sempre ocorreram fenômenos que causam perplexidades. Dentre os muitos fenômenos se destaca nesta reflexão o "Tarifaço Espiritual".
Sabe-se que há líderes religiosos que cobram para fazerem orações e também profecias ou adivinhações.
Em relação ao texto bíblico indicado acima é importante observar alguns pontos de um fato histórico que ocorreu na existência do povo de Israel.
O reino estava dividido entre sabedoria e soberba. Roboão, filho de Salomão, herdou um povo cansado de impostos e trabalhos forçados. Eles pediram alívio. Mas Roboão, ouvindo os conselhos dos jovens e desprezando os dos anciãos, respondeu com dureza: “Meu pai vos castigou com açoites, eu porém vos castigarei com escorpiões.”
Na história de Roboão, encontramos mais do que política — vemos a dinâmica do coração humano e da liderança espiritual quando ela perde o espírito de serviço.
Hoje, muitos vivem sob um "tarifaço espiritual": uma fé cheia de cobranças, culpas e exigências humanas que sufocam o evangelho da graça.
Vejamos algumas observações sobre a proposta temática que é a do "Tarifaço Espiritual", que a própria Escritura Sagrada não deixa passar sem haver uma crítica séria.
I – O tarifaço começa quando o líder deixa de ouvir (v. 6–8)
Roboão ouviu os anciãos, mas não escutou. Ele consultou, mas não considerou.
O conselho sábio era: “Se hoje te fizeres servo deste povo...” — mas ele quis ser senhor, não servo.
Assim também acontece quando a liderança espiritual perde o ouvido pastoral, por exemplo, surgem algumas facetas de cunho negativo e que destroi vidas.
- Quando a vaidade fala mais alto que a compaixão.
- Quando a autoridade é usada para dominar, e não para servir.
Assim, o tarifaço começa no silêncio da escuta, quando o coração se fecha à sabedoria de Deus e às dores do povo.
II – O tarifaço aumenta quando o poder vira prova de fé (v. 10–11)
Os jovens disseram: "Diz-lhes: meu dedo mínimo é mais grosso que os lombos de meu pai."
Era o símbolo da competição e do poder.
Hoje, há quem pregue que fé é força, sucesso, domínio — e quem sofre é taxado de “fraco”.
Esse é o tarifaço espiritual moderno: medir espiritualidade por desempenho. Quais são as implicações?
- Se não prospera, é porque não tem fé.
- Se adoece, é porque não orou o suficiente.
- Se tropeça, é porque Deus te abandonou.
Mas Jesus veio quebrar esse jugo.
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mateus 11:28)
Onde Cristo reina, a graça é gratuita — não há escorpiões no evangelho.
III – O tarifaço termina em divisão e fuga da presença de Deus (v. 16–19)
O povo respondeu: “Que parte temos nós com Davi?” — e foram embora.
Quando o jugo é pesado demais, o povo foge.
Assim também, quando a igreja impõe pesos que Deus não mandou, as almas se dispersam.
O tarifaço espiritual produz cisões, frieza e deserção.
Mas, parece que há, e de fato existe mercado para tais ações que são fenomenais no universo religioso.
Mas onde há humildade, nasce reconciliação. Onde há graça, há comunhão. O Espírito Santo reúne o que o orgulho separa.
Por fim, seguem alguns apontamentos conclusivos:
- Líderes: O chamado não é para cobrar fidelidade, mas servir com misericórdia.
- Crentes: Não aceitem um evangelho que vende o favor de Deus.
- Comunidades: O Reino não é mercado, é mesa.
E à mesa da graça, ninguém paga entrada — todos são convidados.
Roboão aumentou o jugo e perdeu o reino.
Jesus, o verdadeiro Filho de Davi, tomou sobre si o jugo do pecado e ganhou o Reino eterno.
Onde Roboão oprimiu, Cristo libertou.
Onde Roboão dividiu, Cristo uniu.
Onde Roboão cobrou, Cristo pagou.
Disse Jesus: “Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” (Mateus 11:30)

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